Em telefonemas monitorados com autorização judicial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admite que esperava se tornar alvo de novas fases da Operação Lava Jato. Em conversa com o atual presidente do PT, Rui Falcão, Lula dizia que aguardava para o dia 29 de fevereiro ser alvo de mandados de busca e apreensão na casa dele, dos três filhos e na residência de Paulo Okamotto, seu braço-direito e presidente do Instituto Lula. A conversa dá indícios de que o petista já tinha conhecimento das ações e que, portanto, teve acesso a informações privilegiadas. Na opinião do deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP), há uma contradição entre as acusações que Lula faz à Justiça de vazamentos seletivos e a forma como usa o governo para se beneficiar.“Essa questão da informação privilegiada que ele teve é muito essa contradição do discurso que eles sempre tiveram. Eles acusam que há vazamento seletivo, mas ao mesmo tempo usam o estado brasileiro para poder se beneficiar as informações privilegiadas, que é esse caso, por exemplo, em uma dessas gravações, que ficou muito claro”, destacou.
Na mesma conversa, os dois petistas defendem o direito de Lula de se opor ao governo Dilma Rousseff e comentam sobre a instabilidade da gestão do PT. Lula diz que, apesar da fragilidade, é preciso sustentar o governo. Para o deputado federal Betinho Gomes, do PSDB de Pernambuco, os petistas passam por cima de todas as leis e princípios.
“Mostra que o PT não tem escrúpulos em usar o poder, a estrutura governamental para proteger alguém que está sendo investigado, mesmo que seja o ex-presidente da República. Estão passando por cima de todas as leis e princípios para garantir e preservar o presidente Lula das investigações”, declarou Betinho.A força tarefa da Lava Jato monitorou conversas telefônicas do ex-presidente. Outros grampos da Polícia Federal indicam também que a presidente Dilma Rousseff agiu para tentar evitar prisão de Lula.