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Endividada e em crise, Petrobras diminui investimentos em quase um quarto

petrobras-sede-300x163Publicado no site da ONG Contas Abertas – 05-08-15

A Petrobras, com a promessa do pré-sal, não será mais a locomotiva do crescimento econômico brasileiro. Apesar de ter anunciado o novo Plano de Negócios menor somente no final de junho, para reduzir o endividamento, a companhia já apertou os cintos e comprometeu os investimentos desde o início do ano. Só no primeiro semestre, obras e serviços tiveram aplicações retraídas em 22%.

Entre janeiro e junho deste ano, os investimentos da estatal atingiram apenas R$ 32,7 bilhões. No primeiro semestre de 2014, os valores somaram R$ 42,3 bilhões. Em valores constantes, atualizados pelo IPCA, a queda foi de quase R$ 10 bilhões no período. Desde 2009, o nível de investimentos da petroleira não era tão baixo.

As informações levantadas são fornecidas pela própria Petrobras ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Ao todo, a Petrobras possui R$ 83 bilhões para investimentos neste ano, menor dotação dos últimos sete anos.

Para a Petrobras, a realização de investimentos acumulada no primeiro semestre de 2015 reflete “adequadamente o grau de maturidade dos projetos e o andamento das obras como previsto no Plano de Negócios e Gestão 2015-2019”.

A estatal explicou que a primeira diferença nas aplicações acontece em razão da redução no ritmo de investimentos no Comperj, segundo trem de refino da Refinaria Abreu e Lima e unidades de fertilizantes.

Além disso, segundo a Petrobras, no ano passado houve a conclusão de diversos projetos de tratamento e qualidade de derivados nas refinarias, além da entrada em operação do primeiro trem de refino da Refinaria Abreu e Lima.

Dessa forma, entre os programas, o mais prejudicado foi o Combustíveis, que tem como um dos objetivos a implantação das refinarias. A rubrica recebeu 53,7% a menos de investimentos do que ano passado. Já o programa “Petróleo e Gás” manteve o mesmo patamar de cerca de R$ 27,3 bilhões em investimentos no primeiro semestre.

Os números mostram que a empresa parou de aplicar grande volumes de recursos na parte de refino e na exploração e produção ao mesmo tempo. A estratégia da estatal, que rendeu grandes investimentos até o ano passado, era enfrentar as duas “frentes de batalha” ao mesmo tempo. Historicamente, esses setores se alternaram em volume de recursos.

Especialistas no setor de petróleo consideravam a estratégia boa para o país, mas muito arriscada para a empresa, pois a colocaria em situação de vulnerabilidade financeira. Foi o que aconteceu. De acordo com Alberto Machado, diretor de Petróleo, Gás, Bioenergia Petroquímica da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), os últimos planos de investimentos da Petrobras eram fora da realidade e extremamente otimistas.

“Agora a Petrobras apresenta endividamento que não é natural em uma empresa de petróleo. Isso é incoerência. O plano de investimentos foi muito grandioso, feito sem planejamento e com aumento de custos da alta quantidade de aditivos”, explica.

Para o especialista, agora a Petrobras vai “cair na real”. O novo Plano de Negócios e Gestão 2015-2019 da companhia prevê US$ 130,3 bilhões em investimentos – redução de 37% na comparação com o plano anterior, de 2014 a 2018. A companhia informou que o plano tem como “objetivos fundamentais a desalavancagem da companhia e a geração de valor para os acionistas”.

A prova da retração já neste ano está na dotação das principais iniciativas da Petrobras. A maior ação da companhia em 2015, em termos de recursos previstos é a de “desenvolvimento da produção de petróleo e gás natural – pré-sal”, que conta com R$ 12,9 bilhões. No primeiro semestre, R$ 6,1 bilhões foram efetivamente aplicados na iniciativa, isto é, 47,2% do autorizado. A dotação inicial da rubrica era de R$ 17,3 bilhões.

Já a rubrica de exploração de petróleo e gás natural em bacias sedimentares marítimas conta com R$ 9,3 bilhões porém, apenas R$ 2,8 bilhões foram desembolsados, menos de 30% do previsto para o ano. No entanto, a iniciativa tinha dotação de R$ 12,3 bilhões no início do ano.

 

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