Um estudo feito pelo Instituto Trata Brasil e divulgado pelo portal de notícias G1 mostra que a universalização do saneamento básico, ou seja, a expansão dos serviços de água e esgoto, traria benefícios econômicos e sociais ao país avaliados em mais de R$ 537 bilhões ao longo de 20 anos. Os setores mais beneficiados seriam os de saúde, educação, turismo, emprego e imobiliário. Retirados os custos de investimento e o aumento de despesa das famílias, os ganhos nessas áreas e o rendimento gerado pelo aumento de operação da cadeia produtiva – com mais geração de empregos – chegariam a mais de R$ 1 trilhão.
O deputado federal Caio Narcio (PSDB-MG) reforça que inúmeros benefícios indiretos chegam à população por meio dessas obras e defende que sejam feitos os investimentos necessários nessa área.
“Cada investimento que se faz em saneamento resulta, na verdade, em melhoria na questão de saúde , melhorando também na questão da educação e dando atenção para a qualidade de vida e redução de doenças. Então, é um investimento importante a ser feito. O valor que é colocado para ter um benefício desse tamanho, em minha opinião, é razoável”, afirmou.
O detalhamento do estudo revela que a economia na área da saúde por conta dos efeitos indiretos do saneamento – como menos internações por doenças relacionadas à falta de tratamento de água e esgoto e até redução no número de trabalhadores afastados por motivos de doença – alcançaria mais de R$ 7 bilhões. Efeitos sobre o turismo e a valorização imobiliária também são considerados pelo estudo. Com acesso a saneamento, as casas podem ter uma valorização média de quase 13%, enquanto a valorização ambiental poderia gerar lucro em torno de R$ 24,5 bilhões com turismo, empresas e recolhimento de impostos.
Caio Narcio acredita que o país poderia ter usufruído dessas vantagens ainda no passado, ao longo de 13 gestões do PT no comando do país, quando o governo teve oportunidade de levar adiante o Plano Nacional de Saneamento Básico – mas não priorizou o setor.
“Isso deveria ter sido prioridade do governo, mas o que a gente viu foram cemitérios de obras inacabadas, que começam e não terminam e que não têm utilidade. Infelizmente, nesse sentido, o governo passado se equivocou muito.”
Mesmo com tantos benefícios, especialistas dizem que, se o ritmo de investimentos em saneamento básico for o mesmo dos últimos 10 anos, o país vai precisar de pelo menos 40 anos para cumprir a meta de universalização desse serviço. Segundo dados de 2015 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, apenas 50,3% da população têm acesso à coleta de esgoto, e mais de 34 milhões de brasileiros não têm conexão com o sistema de abastecimento de água.