Brasília (DF) – A delação premiada de executivos do grupo Odebrecht, caso confirmada, pode afundar ainda mais a cúpula petista em meio ao escândalo da Lava Jato. Isso porque a Polícia Federal, além de descobrir que a construtora Odebrecht tinha um departamento especializado em pagar propinas, encontrou planilhas com valores endereçados aos codinomes “Italiano” e “Pós-Itália”. A suspeita é que se tratem, respectivamente, dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega.
Ambos os petistas foram ministros da Fazenda: Palocci no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e Mantega na gestão da presidente afastada Dilma Rousseff. Palocci também foi ministro da Casa Civil no governo Dilma, antes de ser forçado a entregar o cargo por suspeitas envolvendo a multiplicação do seu patrimônio.
De acordo com reportagem publicada neste domingo (5) pelo jornal Folha de S. Paulo, em um e-mail de um funcionário da Odebrecht interceptado pela PF, o codinome “Italiano” aparece associado ao valor de R$ 6 milhões. Já “Pós-Itália” teria recebido R$ 50 milhões, que seriam repassados ao PT. O documento, intitulado “Posição Programa Especial Italiano”, segundo os procuradores da Lava Jato, indicava as propinas pagas ao partido entre 2008 e 2012. Até o dia 31 de junho de 2012, os pagamentos já somavam R$ 200 milhões.
A PF apurou que as planilhas foram elaboradas por Maria Lucia Tavares, secretária da Odebrecht responsável pelo controle do pagamento de propinas, inclusive no exterior. Em delação premiada, ela confirmou que os valores seriam repasses para campanhas do PT e para o marqueteiro João Santana, por meio de caixa dois.
A esposa de Santana, a empresária Mônica Moura, também confirmou aos investigadores que o “Italiano” seria, na verdade, Antonio Palocci. Ela revelou ainda que Guido Mantega repassava recursos da Odebrecht para o marqueteiro. Santana atuou na campanha de reeleição de Lula, em 2006, e nas duas disputas de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, além da campanha do prefeito de São Paulo Fernando Haddad, em 2012.
Leia AQUI a íntegra da matéria do jornal Follha de S. Paulo.