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Exemplo na imprensa: Pelotas, nenhuma morte entre os mais de 200 mil habitantes

Em Zero Hora, 19/06/2020

Até o fim da manhã de ontem (18), apenas quatro pessoas estavam internadas no município em razão da doença que castiga diversos países

Além da adoção de medidas precoces contra o coronavírus, Pelotas, no sul do Estado, apostou na união de forças entre setores público e privado e no engajamento da população para conter o avanço da pandemia. No fim da manhã de ontem, mantinha-se como único centro urbano brasileiro com mais de 200 mil habitantes sem nenhuma morte por covid-19.

Com 169 casos confirmados da doença (em um universo de 17,8 mil no Estado), o município contabilizava apenas quatro pacientes internados em razão da infecção, dois deles em UTI. Para quem acompanha a evolução dos números, o quadro indica que a cidade vem conseguindo barrar a epidemia. O segredo está em uma combinação de fatores.

– Aqui, universidades, prefeitura e hospitais têm atuado em sintonia, discutindo item por item a estratégia de enfrentamento, desde o começo. Isso permitiu que, no momento certo, fosse possível reduzir a circulação do vírus – diz o epidemiologista Pedro Curi Hallal, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

No fim de fevereiro, antes mesmo do primeiro óbito registrado no país, a Secretaria Municipal da Saúde montou, com a ajuda dos parceiros, um plano de contingência. Definiu o papel de cada hospital e fez adequações nos postos, que receberam tendas de triagem e passaram a dedicar as manhãs aos pacientes com sintomas gripais e as tardes às demais demandas, para evitar a contaminação cruzada.

– Agimos rápido. Fizemos uma capacitação no começo de março. Nos preparamos para o que estava por vir – ressalta a secretária municipal da Saúde, Roberta Paganini.

Naquele mês, a prefeita Paula Mascarenhas estabeleceu uma série de medidas drásticas, entre elas o fechamento de todas as atividades comerciais não essenciais e a suspensão das aulas. A UFPel, seguida pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e pelo Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul), foi uma das primeiras a paralisar atividades no país.

Diante da escassez de álcool gel, as três instituições de Ensino Superior e a fábrica de refrigerantes Biri iniciaram a produção de 10 mil litros do produto, de forma voluntária, para distribuir no SUS. A iniciativa sensibilizou a população.

Adesão

Pelotas parou por cerca de 30 dias. Em abril, quando percebeu que a situação começava a ficar insustentável, Paula deu início à flexibilização antes da maioria das cidades no Estado. Deu certo.

– Sabia que lugares que seguraram a curva (de infecções) por muito tempo, quando romperam com o isolamento, tiveram explosão de casos. Então cheguei à conclusão de que deveríamos flexibilizar, mas com compromisso social. As pessoas entenderam e se comprometeram – avalia ela.

Comerciantes adotaram regras rigorosas. Nas ruas, a Guarda Municipal concentrou esforços nas filas bancárias, evitando aglomerações. Assentos e mesas da praça central foram interditados. Aos domingos, as forças de segurança passaram a orientar e a medir a temperatura dos moradores no acesso às praias e ao Arroio Pelotas. Com a ajuda de voluntários, recém-chegados à rodoviária também foram examinados.

Para preparar o sistema de saúde, a prefeitura abriu o Centro Covid, voltado inicialmente ao atendimento pediátrico, ampliou o número de leitos de UTI de cinco para 31 e criou serviço de teleconsulta via 0800 para reduzir a movimentação nos postos. Unidades básicas começaram a se comunicar via WhatsApp com os pacientes.

Com classificação de risco baixo no modelo de distanciamento controlado (bandeira amarela), Pelotas não subestimou a doença. O desafio, a partir de agora, é manter a sociedade em alerta e consciente de que não há margem para descuidos.

Repórter JULIANA BUBLITZ, juliana.bublitz@zerohora.com.br 

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