
Brasília (DF) – A ideia de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff pode finalmente dar um fim à mais grave crise econômica que o Brasil enfrenta desde 1929 está disseminada entre o empresariado. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo (07/04), o copresidente do fundo Carlyle – um dos maiores de private equity do mundo – para a América Latina, Juan Carlos Félix, avaliou que um possível impeachment trará uma injeção de otimismo para o mercado, já vive-se um momento de grande incerteza política.
“Há uma incerteza política muito grande. Por isso, temos dois cenários. Em um deles, tem impeachment, o que deve provocar uma injeção de otimismo muito grande, com encurtamento da crise. No outro, sem o impeachment, seria um problema, uma vez que teria a possibilidade de o PT se perpetuar no poder em 2018. Aí a situação seria muito complexa”, afirmou.
O Carlyle é um fundo que tem participações em importantes empresas nacionais, entre elas a CVC, a Tok&Stok, a Ri Happy, a Rede D’Or e a Uniasselvi. O fundo está em “compasso de espera” para fazer novos investimentos em 2016. Para Juan Carlos Félix, o problema é que, enquanto existem investidores que aproveitam os momentos de crise para investir, outros estão mais céticos com a situação brasileira.
“O problema é que essa crise não é estritamente econômica, mas política. Não dá para ter certeza de uma reviravolta tão rápida. Há grupos de investidores mais céticos, que creem que a crise pode se prolongar mais”, considerou.
O fundo Carlyle, porém, trabalha com a perspectiva de um impeachment. “A gente tende a acreditar, como um consenso, que vai ter um impeachment. Pelo bem do País, acreditamos que isso vai acontecer”, destacou o co-presidente.
“A tendência é de mudança. Serão dois anos seguidos de crescimento negativo (2015 e 2016). A esperança do impeachment é de que traga uma condução de economia para o mercado, menos populista. Se depois do impeachment não houver uma mudança da economia, esse otimismo vai ser passageiro”, completou Félix.