Brasília (DF) – A insatisfatória resposta do governo do Distrito Federal, comandado pelo petista Agnelo Queiroz, às denúncias sobre regalias concedidas aos condenados pelo mensalão, presos no Complexo Penitenciário da Papuda, fez com que o Ministério Público do DF pedisse à Justiça, na última sexta-feira (14), que os réus fossem transferidos para presídios federais.
As informações são de reportagem desta terça-feira (18) do jornal Folha de S. Paulo.
Em fevereiro, o MP afirmou que privilégios como alimentação diferenciada e visitas fora dos dias previstos feriam “frontalmente o princípio constitucional da isonomia”. Na ocasião, o órgão pediu ao governo do DF o fim das regalias, e a transferência caso o pedido não fosse atendido.
A conclusão do Ministério Público ocorreu antes da publicação, no último fim de semana, de reportagem da Veja, informando que o ex-ministro José Dirceu (foto), também condenado, pode receber visita de podólogo e comer lanches de um fast food internacional.
A resposta do governador Agnelo Queiroz, porém, não foi a esperada. Com um prazo de 48 horas fixado para responder se já havia iniciado uma investigação interna para apurar o caso, a única determinação do petista foi a de que o juiz da Vara de Execuções Penais (VEP-DF), Bruno Ribeiro, tivesse sua conduta apurada por conta de falsas afirmações.
Complacência
Para o deputado federal Luiz Pitiman (PSDB-DF), a atitude do governador da capital federal revela complacência com os benefícios oferecidos aos mensaleiros.
“Estão tentando transformar o presídio da Papuda em uma sucursal do partido, do PT. Isso tem gerado revolta entre os outros presos, e podemos ter acontecimentos graves lá dentro da prisão em decorrência disso”, afirmou.
O parlamentar exigiu que denúncias como a de que o ex-tesoureiro petista, Delúbio Soares, se reuniu dentro do presídio com dirigentes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) sejam investigadas. Ele também lamentou pela contribuição negativa dada pelo caso à visão que a população brasileira tem da capital federal.
“Novamente Brasília está exposta nos jornais a nível nacional, que fazem chacota da forma de gestão pública que já é característica do PT, com relação também ao modo de governar. Essas regalias direcionadas aos réus do mensalão são inadmissíveis, e dão estímulo para que outros presos exijam condições iguais que o Estado não terá como garantir”, acrescentou.