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Marqueteiro do PT recebeu, na Suíça, dinheiro de diversos países

Brasília (DF) – Responsável pelas campanhas dos ex-presidentes Dilma Rousseff (2010 e 2014) e Luiz Inácio Lula da Silva (2006), o ex-marqueteiro do PT, João Santana, está mais uma vez no centro do noticiário. O jornal O Globo deste domingo (19) revela que parte das investigações de propinas pagas pela Odebrecht no exterior passa pela conta, na Suíça, do publicitário. De acordo com extratos e mensagens trocadas entre Santana e o gerente da conta Shellbill, no Banco Heritage, a mesma conta que recebeu dinheiro de caixa 2 para a campanha de Dilma movimentou recursos de pelo menos mais três países: República Dominicana, Angola e Panamá.

O ex-executivo da empreiteira Fernando Migliaccio afirmou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na ação movida contra a chapa Dilma-Temer, que a Odebrecht pagou por campanhas do marqueteiro em seis países, incluindo, além dos três já citados, El Salvador, Venezuela e Argentina. Desses países, apenas Angola e El Salvador não têm acordo de cooperação com a Operação Lava Jato.

Segundo a reportagem, a construtora admitiu o repasse de US$ 439 milhões em propina em obras de 11 países, sendo US$ 92 milhões na República Dominicana, US$ 50 milhões em Angola e US$ 59 milhões no Panamá. Na Venezuela e na Argentina foram, respectivamente, R$ 98 milhões e R$ 35 milhões.

Os documentos mostram que o gerente da conta driblou diversas vezes a cobrança da direção do banco Heritage para que fosse comprovada a origem de recursos, devido aos altos volumes. Em outubro de 2015, as aplicações financeiras do publicitário alcançavam US$ 21,6 milhões, ou R$ 67,1 milhões na cotação atual.

Ao depor ao juiz Sérgio Moro, o publicitário afirmou que, se todas as pessoas que recebem por caixa 2 fossem colocadas em fila, ela poderia ser vista por satélite.

Repatriação

Em 2015, com o avançar das investigações da Lava Jato, Santana aguardava a aprovação da lei de repatriação, sancionada por Dilma em janeiro de 2016, para legalizar o dinheiro mantido na Suíça. De acordo com o jornal, à medida em que as apurações caminhavam, aumentou a cobrança da direção do Heritage para que fossem apresentados documentos comprovando a origem dos recursos movimentados pelo publicitário na conta Shellbill entre 2012 e 2014.

Ao gerente, o publicitário acenava com a retirada do dinheiro do banco, aproveitando-se da lei de repatriação, que anistiou quem tinha dinheiro não declarado fora do país. Em mensagem interna, o gerente relata a superiores que esteve com Santana em outubro de 2015 e que o marqueteiro “estava convencido da aprovação” da lei de anistia fiscal, que seria submetida ao Congresso.

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