Brasília (DF) – A mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia, entrou com uma ação conta a empreiteira OAS e a cooperativa Bancoop pedindo a devolução dos valores pagos na compra da cota do apartamento no Guarujá, no litoral paulista. Apesar de, desde o início do ano, a defesa do petista sustentar que ele e sua família nunca foram donos de uma unidade no prédio, desistiram da aquisição e não foram favorecidos, a ex-primeira-dama quer o ressarcimento de R$ 301 mil. As informações são do jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira (27).
A compra do imóvel é investigada na Operação Lava Jato, que apura se a OAS beneficiou Lula ao bancar benfeitorias em uma das unidades do condomínio Solaris. Segundo a reportagem, os advogados de dona Marisa dizem ter pedido formalmente a restituição dos valores em novembro de 2015 e que, desde então, a Bancoop não deu qualquer resposta. Os R$ 301 mil correspondem aos valores pagos na década passada atualizados.
Para o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), o pedido de ressarcimento derruba o discurso do ex-presidente de que Lula não era proprietário do apartamento. “Essa manifestação da dona Marisa demonstra efetivamente que o Lula sempre usou de má-fé com o povo brasileiro, mentindo, negando desconhecimento de que ocorria corrupção no seu governo e também nos seus bens. Ao ponto que, agora, o ex-presidente passa a ser desmentido pela própria esposa. É lamentável”, afirmou.
Segundo o tucano, a ação reflete ainda o mau-caratismo do ex-presidente. “No momento em que a própria esposa move uma ação para obter ressarcimento, ela está indo contra ele, já que ele afirmava categoricamente que aquilo era cedido pela empresa, que ele apenas usufruía. Como é que, se o patrimônio era cedido, agora a esposa quer obter ressarcimento? Isso demonstra o mau caráter que do ex-presidente que, por extensão, colocou a presidente afastada, Dilma Rousseff, também nessa situação de corrupção”, completou.
Em março deste ano, o Ministério Público de São Paulo denunciou Lula sob acusação de ocultação de patrimônio, lavagem e falsidade ideológica no caso do edifício. A denúncia acabou repassada ao juiz Sérgio Moro. A investigação do caso ainda não foi encerrada.
Na ação, os advogados afirmam que foi paga uma entrada de R$ 20 mil, e prestações mensais e intermediárias até setembro de 2009. No final daquele ano, a Bancoop repassou o empreendimento à OAS, que deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução dos recursos ou adquirir uma unidade da empreiteira usando como entrada o valor já pago à Bancoop. Na época, Marisa Letícia não escolheu nenhuma das duas opções
Os investigadores afirmam que o triplex e as reformas de R$ 1 milhão feitas nele podem ter sido uma forma de pagamento de vantagem indevida a Lula pela OAS, uma das construtoras que participaram do cartel da Petrobras. Entre 2007 e 2012, a OAS fechou mais de R$ 7 bilhões em contratos com a estatal.