Em audiência pública na Comissão de Minas e Energia, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, assumiu que o governo não possui um planejamento para a indústria naval brasileira.
Chamado pelo deputado Nelson MarchezanJunior (RS) para explicar os impactos da crise econômica no setor, o petista não conseguiu esclarecer o que será feito para impedir que mais postos de emprego sejam fechados na
área, como tem ocorrido ao longo dos últimos meses.
Não consegui ver um prognóstico mínimo sequer para o setor e para as empresas. Não há perspectiva alguma para os próximos meses”,lamentou o tucano no final da audiência. “Todos sairão daqui como entraram. Como o governo pode vir aqui para dizer que não sabe o que vai acontecer, dizer que algumas empresas vão quebrar e outras vão sobreviver. Isso não pode ser aceito”, criticou.
Marchezan questionou Mercadante sobre os recursos do Fundo de Marinha Mercante. O ministro informou que até a metade do ano foram desembolsados R$ 1,8 bilhão do fundo, o que permite a construção de estaleiros e embarcações mediante financiamento. A expectativa é chegar a cerca de R$ 4 bilhões até o fim do ano, equiparando-se a valores de 2014.
Mas, na avaliação do tucano, o problema de crédito é muito superior, pois a demanda da indústria naval é quase 100% da Petrobras, em crise por causa de irregularidades. Marchezan cobrou mais investimentos e lembrou que prefeituras em seu estado estão à espera de recursos já anunciados. Segundo ele, ao todo, 11 estados sofrem com o mesmo problema.
O setor empregava 82 mil pessoas, mas agora mantém apenas 69 mil. Mercadante admitiu que mais postos de trabalhos poderão ser fechados, mas atribuiu o fenômeno ao que chamou de ciclos do petróleo e do capitalismo.
Mercadante avaliou que empresas investigadas na Operação Lava Jato precisam se recuperar para que o crescimento do setor petrolífero e da indústria naval possa ser impulsionado. Marchezan, por sua vez, lamentou o fato de o ministro não dar nenhuma garantia sobre o futuro dos estaleiros e dos trabalhadores. “A indústria naval só terá fôlego depois disso? Essa recomposição só se dará depois da Operação Lava Jato?”, indagou.
Do Diário Tucano PSDB