As manifestações de hoje, 15 de março de 2015, foram as maiores manifestações populares da história brasileira. Superaram, de longe, as manifestações a favor das eleições diretas que foram o início do fim do regime militar. O lulopetismo está em seus estertores. Trata-se para todos nós, democratas, de afastá-lo com os menores danos para o nosso país e o nosso povo usando os instrumentos que a democracia nos permite. Dentre eles a pressão das ruas.
As manifestações de apoio ao governo, realizadas no último dia 13, cotejadas com as de hoje, permitiram que a Nação pudesse constatar, com clareza, que o governo que dirige o país não o representa.
As manifestações do dia 13 foram convocadas pelos pelegos sindicais, estudantis e dos movimentos sociais manipulados e subvencionados financeiramente pelo governo central e contaram com a presença, majoritária, de empregados dos sindicatos sob o comando da CUT e de outras centrais sindicais, da UNE e de outras entidades estudantis, das milícias do MST, e de alguns militantes do PT, do PCdoB e de outros partidos que se auto denominam de esquerda. Presença voluntária, muito pouca. Um retumbante fracasso.
No caso das manifestações de hoje não houve a necessidade da ação de partidos políticos, nem o fornecimento de alimentação e transporte gratuitos. Não foi necessário mobilizar prefeituras petistas, nem exércitos de sem terra, comandados pelo Stédile e bancados pelo Incra. A presença do povo foi voluntária, convocado pelas redes sociais, e se espalhou por todo o país.
O povo se manifestou, de forma ordeira, contra o governo petista, contra Lula e contra Dilma, não só nas capitais mas também nas grandes, médias e pequenas cidades. O número dos manifestantes é imponderável – foram muitas centenas de milhares – e o repúdio ao governo consolida a percepção de que o governo, politicamente, acabou.
Trata-se agora de construir a transição, necessariamente democrática, para expelir a podridão e a incompetência do comando da Nação.
A presença, no fim do dia, de dois ministros em entrevista aos meios de comunicação, foi patética. Um acenando com uma reforma política tantas vezes anunciada quanto esquecida. O outro desqualificando as manifestações com o argumento de que a maioria dos manifestantes seria dos que não votaram na Dilma. Os dois repetindo as justificativas dadas durante a campanha eleitoral e repetidas em posteriores pronunciamentos da presidente.
Assim como não tiraram as conclusões políticas da vitória eleitoral obtida às custas de mentir e levar o país à crise em que vivemos, os petistas se recusam a avaliar com seriedade as manifestações de hoje. Nenhum lampejo de autocrítica, depois de tantos erros cometidos.
O povo acaba de dar o recado. Esse governo não tem mais como dar a volta por cima e ganhar o respeito necessário para poder governar. Chegou ao ponto em que não há mais retorno. Caminha para o abismo e nada pode evita-lo.
O problema é o sofrimento por que passa e passará o país. Por isso não há como deixarmos de agir, com absoluto respeito aos princípios democráticos, diante do inevitável aprofundamento da crise nos próximos meses, muito menos nos quase 4 anos, que é a duração do mandato.
Esse é o desafio que se apresenta às forças verdadeiramente democráticas do país.
*Artigo publicado no Blog do Goldman – 16/03/2015