As interceptações telefônicas de conversas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão próximas de integrar, em definitivo, as investigações da Operação Lava-Jato. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu a liberação das gravações para uso da força-tarefa em Curitiba.
O magistrado enviou parecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) recomendando a cassação de uma liminar do presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, que em julho determinou que as gravações fossem separadas das investigações, conforme revelou matéria publicada nesta quinta-feira (11) pelo O Globo.
Janot considera que não houve irregularidade por parte do juiz Sérgio Moro, e afirma que os áudios podem ser utilizados nas investigações já em curso. Se o ministro Teori Zavascki concordar com o posicionamento do procurador-geral, as ligações de Lula para Dilma e outras autoridades poderão fazer parte das investigações da Lava-Jato.
O deputado federal Geraldo Resende (PSDB-MS) concorda com o posicionamento de Janot e acha que as gravações são provas importantes, que não devem ser ignoradas. “A interceptação dessas ligações são peças fundamentais para mostrar a conspiração entre Dilma e Lula no sentido de prejudicar a Operação Lava Jato e obstruir a Justiça”, disse.
O tucano elogiou a forma como o juiz paranaense conduz as investigações e criticou as tentativas petistas de atrapalhar a continuidade do trabalho das autoridades. “Moro está acompanhando desde o início toda essa situação que envergonha o Brasil. Ele tem sido muito corajoso e mostra que vai até as últimas consequências”, concluiu.
As gravações flagraram uma conversa entre Dilma e Lula em que a presidente afastada diz que estaria enviando por um emissário, o “Bessias”, termo de posse do petista como ministro da Casa Civil. O ato foi interpretado como tentativa de obstruir a Justiça e proteger Lula dando-lhe foro privilegiado.