Após abrir investigações sobre o sítio de Atibaia e o triplex de Guarujá, a Operação Lava Jato investiga, agora, o “possível envolvimento em práticas criminosas” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na construção da nova sede do Instituto Lula. A suspeita integra um relatório da Polícia Federal (PF) da Operação Acarajé, a 23ª fase da Lava Jato, segundo informações de matéria da Folha de São Paulo publicada nesta segunda-feira (22).
A mais nova suspeita de corrupção envolvendo o nome do ex-presidente teve origem, de acordo com Filipe Hille Pace, delegado da PF que assinou o relatório, em registros encontrados pela Polícia Federal em uma planilha de um computador de Maria Lucia Guimarães Tavares. Segundo a PF, ela mantém vínculo empregatício com a empreiteira Odebrecht.
Intitulada “Posição Programa Especial Italiano” e datada de julho de 2012, a planilha apresenta um campo com nomes de pessoas ligadas à Odebrecht, tais como o de Luiz Antonio Mameri, diretor superintendente da Odebrecht Angola, e Benedito Barbosa da Silva Júnior, vice-presidente de infraestrutura da Odebrecht Engenharia e Construção do Brasil. Há, ainda, um campo com os dizeres “usos”, no qual aparece o seguinte item: “Prédio (IL)”, ao lado do número 12.422.000, que seria, segundo a PF, uma referência ao valor de R$ 12,4 milhões. A sigla “IL”, na visão da Polícia Federal, “pode ser uma alusão ao Instituto Lula”. Em perícia realizada no celular do empreiteiro Marcelo Odebrecht, a PF encontrou uma menção a “prédio novo” em uma mensagem de 22 de outubro de 2010.
Além do item que indica a possível construção do prédio do Instituto Lula, o campo “usos” cita “Menino da Floresta” acompanhado do valor de R$ 2 milhões e “Projeto OH” ligado a quantia de R$ 4,8 milhões. A PF afirmou não saber quem seria o “menino”, mas indicou como hipótese investigativa que “OH” poderia se referir ao presidente do Peru, Ollanta Humala.