PSDB – RS

Prezado futuro prefeito, belos parques, por favor!

ARTIGO de Iza Maria de Oliveira publicado no dia 29 de dezembro de 2016 no jornal Correio do Povo.

 

Um pedido contundente pode se transformar numa súplica. É nessa direção que essas palavras são escritas: necessitamos de belos parques em nossa cidade. Precisamos nos movimentar encontrando gente. Caminhar, jogar, tomar chimarrão, ficar entre muitos – velhos, adultos, adolescentes, crianças. Um ambiente público de cidadania. Precisamos encontrar gente. Olhar de humanos. Cheiros de humanos. Caminhar de humanos. Encontros, mesmo que de passagem, mas revigorantes. São tempos necessários para não estarmos sós. Precisamos conversar, prosear, rir e chorar juntos. Possibilitarmo-nos um dos maiores luxos: um prazer compartilhado, tal como concebe Jean Claude Ellena em seu “Diário de um perfumista” (Record, 2013).

 

Precisamos sair de nossas casas e encontrar conforto em bancos, árvores, lagos, quadras de esporte. Paisagens. Prezado futuro prefeito, não esqueça nunca disso. Nossa cidade vai ficar mais alegre. Vivaz. Precisamos de alegria pública, não fakes de Faceboock. Precisamos estar entre gente fazendo coisas simples e fundamentais para vivermos melhor. Foi assim um dia desses: encontrei uma turma de adolescentes, em horário escolar, jogados ao léu. Fui colher umas amoras, cuja amoreira estava próxima a eles. A beleza e o aroma das amoras nos aproximaram. Pude ir conversando, descobrindo suas razões de estarem ali, abandonados.

 

Fugidios, mas, também, desamparados. Senhor futuro prefeito, precisamos de espaços públicos belos e confortáveis. Sei que longe estamos de um Jardim de Luxemburgo. Tenho certeza de que bons encontros podem, nesse momento de tamanha epidemia depressiva, diminuir o empobrecimento de vida criativa que nos cerca. Tamanha solidão urbana tecnológica. Individualismo. Consumismo. Precisamos encontrar a natureza, juntos. O inebriante dos pés de amoras. Necessitamos. Urgimos diminuir as dores contemporâneas. Juntos. Que o público seja um lugar de pertencimento, não de apropriação ou desapropriação.

 

Que possamos acolher aqueles que estejam marginalizados para que não agridam aquilo a que não consigam pertencer. Ou a que tentam pertencer pelos atos de violência. Fácil julgar os atos, difícil é contextualizá-los. Prezado futuro prefeito, que essa súplica não se transforme num futuro imperfeito. Precisamos, urgentemente, de belos parques que produzam movimentos em nossos corpos, em nossas almas.

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