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Procuradora denuncia propina na gestão Maduro

A ex-procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, que rompeu com o governo de Nicolás Maduro e foi destituída do cargo, denunciou um esquema de corrupção milionário que envolve o presidente venezulano e seus aliados. Em visita ao Brasil, nesta semana, Ortega afirmou que o braço direito de Maduro, Diosdado Cabello, recebeu cerca de US$ 100 milhões da Odebrecht por meio de uma empresa registrada em nome dos seus primos. A companhia dos familiares de Cabello associou-se à empreiteira no consórcio para construção de uma linha de metrô e tem contratos com a petroleira estatal PDVSA. Além disso, segundo a ex-procuradora, há pelo menos 11 obras da Odebrecht paralisadas em seu país que teriam recebido do governo Maduro US$ 30 bilhões. Para o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), é preocupante que o dinheiro de uma organização global de origem brasileira esteja abastecendo esquemas ilícitos na Venezuela, fortalecendo a permanência de um presidente antidemocrático no país.

“É necessário nós termos essa reflexão, no momento em que, infelizmente, tem algumas empresas que levam o dinheiro brasileiro para a Venezuela via BNDES, para fazer corrupção lá também e estabelecer outro sistema que não é democrático. Isso é preocupante, porque é o nosso dinheiro, do povo brasileiro, usado em outros países para enfraquecer a democracia. O PSDB tem uma postura de que, efetivamente, temos que expurgar todas as propostas que visem desestabilizar a democracia do nosso país”, disse.

Ortega, que veio ao Brasil a convite da PGR, disse ainda que Maduro é dono de uma empresa no México da qual o regime importa a comida para as cestas básicas de seu programa de venda de comida escassa no país. As denúncias fizeram com que a magistrada sofresse perseguição política na Venezuela. Na terça-feira, Maduro fez um apelo à Interpol para que capturassem a ex-procuradora no Brasil. Tal postura, para Gomes de Matos, é lamentável, e não pode ser aceita no país.

“Nós não desejamos que aconteça, na Venezuela, o que aconteceu em outros países em determinados momentos, de instabilidade da democracia. Mas está claro que está se consolidando na Venezuela um sistema político ditatorial. E nós esperamos que isso não tenha reflexo no Brasil, porque todos aqueles líderes brasileiros que levaram empresas daqui para ajudar esse modelo na Venezuela, estão correndo aqui o Nordeste querendo ser candidato”, declarou.

As acusações feitas por Ortega foram rebatidas pela Odebrecht, que negou a paralisação das obras, e pelo governo da Venezuela. O procurador-geral designado para a Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela disse que as denúncias são uma “campanha de descrédito contra o regime de Maduro”.

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