
Brasília (DF) – Se hoje o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o principal articulador da permanência de Dilma Rousseff na Presidência da República, em 1992 o petista comemorava a rejeição, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ao mandado de segurança do governo do ex-presidente Fernando Collor contra as regras do processo de impeachment. De lá para cá, a postura de Lula mudou muito.
“A decisão do STF é motivo para o povo brasileiro comemorar. O povo não aguenta mais essa agonia”, afirmou o petista na época, em referência à vitória por 8 a 1 da rejeição do pedido para que o voto sobre o afastamento de Collor fosse secreto. No último sábado (2), em ato contra o impeachment em Fortaleza (CE), o ex-presidente disse: “A única forma legítima para se chegar ao poder é pelo voto. O resto é golpe”.
Para o deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), a mudança de opinião de Lula demonstra sua falta de postura como estadista. “Você não verá o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com atitudes semelhantes. É lamentável que o PT varie de posição de acordo com o que é conveniente para eles. Isso fica claro na conjuntura política atual”, declarou.
O parlamentar afirmou que a alternância no discurso de Lula comprova ainda o quão prejudicial e pernicioso o governo do PT foi para o Brasil. “Ter no histórico do país um ex-presidente que fala sem pensar é triste para os brasileiros e mostra a fragilidade desse partido. Ele não foi estadista quando esteve na Presidência, nem antes quando postulava e tampouco agora que se submete a esse sistema de bipresidencialismo, algo nunca visto antes na história”, completou.
Nesta quarta, o relator da comissão especial do impeachment da Câmara dos Deputados, Jovair Arantes (PTB-GO), apresentou parecer favorável à abertura do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff. Na conclusão, ele diz que a denúncia preenche “todas as condições jurídicas e políticas” para ser aceita.