A ida do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, à CPI da Petrobras é um dos destaques da agenda desta semana na Câmara. Suspeito de ser o elo do petrolão com o seu partido, Vaccari não ficará calado na oitiva marcada para a manhã de quinta-feira (9), segundo prometeu sua defesa. Parlamentares do PSDB que integram a comissão de inquérito esperam que o petista contribua de fato com as investigações. No entanto, há o temor de que Vaccari tente blindar sua legenda e o Palácio do Planalto.
O 1º vice-presidente da CPI, deputado Antonio Imbassahy (BA), foi quem agendou o depoimento para o dia 9, data posteriormente confirmada pelo presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB). “É importante que ele esclareça as acusações todas de divisão de propina em contratos na Petrobras. Isso é fundamental, pois o petrolão está cada vez mais em cima do Palácio do Planalto, subindo a rampa. Seu depoimento pode esclarecer fatos, mas também pode complicar muito alguns integrantes do Planalto”, destacou o tucano em entrevista à Rádio CBN.
Vaccari responde aos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha. Ele é apontado por delatores do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras como arrecadador de propinas de empresas contratadas pela estatal. O depoimento do tesoureiro foi marcado por Imbassahy na semana passada na condição de presidente em exercício da comissão. Isso gerou protestos de petistas, que queriam protelar a oitiva sob a argumentação de que a oposição queria causar fato político para incentivar os protestos marcados para o próximo dia 12. “A movimentação para esse dia é intensa e independe dessa oitiva”, avaliou.
O deputado Izalci (DF) avalia que o depoimento de Vaccari é um dos mais aguardados pela CPI devido às acusações que pesam contra ele. “É a pessoa mais indicada hoje para mostrar a verdadeira história da Petrobras e do esquema que existe no governo. O que vai falar não sabemos, mas espero que diga o que tem que ser dito”, cobrou.
O tucano, que é membro suplente do colegiado e que também integrou a CPI Mista que investigou as irregularidades na estatal no ano passado, afirma que há uma grande expectativa em torno dessa oitiva. “Soubemos que ele está propenso a falar. Agora, não se sabe o que esperar, pois ele pode falar, mas continuar alegando que todas as doações foram legais, apesar das declarações contrárias da deleção premiada dos outros”, ressalta o deputado do DF.
A cada denúncia a respeito de pagamento de propina do petrolão para o PT, a legenda repete a todo momento que a doação foi informada à Justiça Eleitoral. No entanto, as investigações da Operação Lava Jato podem arruinar essas alegações. O afastamento do tesoureiro já foi cobrado por diversas vezes pela oposição, mas o seu partido insiste em mantê-lo no cargo. O requerimento de convocação dele foi aprovado pela CPI no último dia 24.
Gasene – Nesta terça-feira (7) a comissão ouve o diretor de Gás e Energia da estatal, Hugo Repsold Júnior, nomeado em fevereiro. Ex-gerente-executivo de Gás e Energia da empresa, ele foi chamado para falar da construção do gasoduto Gasene, entre o Espírito Santo e Bahia. A audiência está marcada para as 14h30, em local a definir.
Do PSDB na Câmara