Um estudo feito pelo Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético, encomendado pelo jornal O Globo, mostra que o brasileiro que ganha pouco é o mais afetado pelas altas tarifas de energia elétrica. Isso porque para arcar com um consumo básico de 60 quilowatts hora por mês, um trabalhador que recebe o salário mínimo compromete até 18,5% da sua renda. Para pagar pela energia, o brasileiro precisa ainda trabalhar mais de 11 horas, ou seja, um pouco mais de uma jornada completa de trabalho. Para o deputado federal Pedro Vilela (PSDB-AL), é inacreditável que um país com potencial energético tão grande não ofereça alternativas mais acessíveis à população.
“É inacreditável que seja assim no Brasil. Um país com tanto potencial em recursos naturais para explorar a produção de energia elétrica, ter condições de oferecê-la a um preço acessível para a população, mas não o faz. É uma gestão que deixa muito a desejar principalmente por parte do governo federal”, declarou o parlamentar.
Segundo a pesquisa, o Brasil lidera também o ranking da carga de impostos no setor elétrico, com um peso tributário que chega até 46% nas contas de luz. O valor é transferido para trabalhadores como Luciano Araújo, vendedor de 24 anos que recebe um salário mínimo por mês. Luciano diz que as altas tarifas e as bandeiras tarifárias — que por meses aplicaram cobrança extra nas contas de energia — foram negativas para o orçamento da família.
“A conta de energia atual, que as famílias de baixa renda recebem — inclusive a minha — tem um valor muito alto em relação ao salário. E por um longo período permaneceram as bandeiras vermelha e amarela, que atrapalharam muito a renda da família. Isso compromete, com certeza, a renda de um trabalhador que recebe salário mínimo”, disse Araújo.
A pesquisa também chegou à conclusão de que as mudanças na regulamentação do setor elevaram as tarifas de energia em valores até 50% maiores que o aumento do salário mínimo do ano passado. De Brasília, Jéssica Vasconcelos.