Brasília (DF) – Deputados tucanos e dos demais partidos de oposição questionaram a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, sobre os negócios nebulosos da estatal durante audiência conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Minas e Energia da Câmara, nesta quarta-feira (30). O requerimento de convocação foi feito pelo deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP).
Durante sua exposição, Graça Foster disse que, em 2008, época da compra bilionária da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, o negócio tinha potencial promissor. A afirmação foi diferente da declarada por ela, anteriormente, durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, no último dia 15, que a aquisição da refinaria “não foi um bom empreendimento”.
“Me pareceu a defesa de um negócio”, afirmou Vanderlei Macris sobre a fala de Foster. Para o parlamentar, a cúpula da Petrobras faz um esforço para mudar o discurso, depois que o ex-presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, disse em entrevista que a presidente Dilma Rousseff deveria assumir sua responsabilidade pela compra de Pasadena.
Ele também questionou a demora das apurações sobre o caso. “O valor de custo da Astra Oil [ex-sócia da Petrobras no negócio] só está sendo apurado agora, depois de seis anos? Por que Nestor Cerveró [ex-diretor da área internacional da empresa] não foi demitido à época, só depois que estourou na imprensa a compra de Pasadena?”.
Erro de quem?
O líder do PSDB na Câmara, deputado federal Antonio Imbassahy (BA), criticou o esforço de Graça Foster em tentar convencer o país de que a aquisição de Pasadena teria sido condicionada por erros no resumo do contrato. “É razoável que a Petrobras, que a presidente do Conselho de Administração [a atual presidente da República Dilma Rousseff], tome a decisão de comprar uma refinaria com base em um resumo técnico de duas páginas?”, assinalou.
O tucano lembrou entrevista concedida por Dilma nesta segunda-feira (28), em que ela disse que a Petrobras não pode ser responsabilizada pelo erro de um funcionário. “Quem é essa pessoa responsável por causar tanto mal a Petrobras?”, indagou à presidente da Petrobras. A pergunta ficou sem resposta.
Bom negócio
Imbassahy ironizou ainda a tentativa de vender a aquisição da refinaria de Pasadena e de outros empreendimentos como um bom negócio.
“A refinaria de Okinawa, no Japão, foi comprada com base em um resumo técnico? Foi um bom negócio ou não?”, retrucou. “Abreu e Lima, em Pernambuco, foi noticiada com uma participação da PDVSA, da Venezuela. O orçamento inicial de era de US$ 2,3 bilhões. Hoje, já está em US$ 18 bilhões. O custo do barril, quando for finalizada, sairá por US$ 87 mil. O custo médio é de US$ 25 mil. É também um bom negócio?”, argumentou.
Também interpelaram a presidente da estatal os deputados federais Domingos Sávio (PSDB-MG), líder da Minoria na Câmara, e Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), secretário-geral do partido.