Deputados do PSDB questionaram o presidente do Instituto de Seguridade Social dos Correios (Postalis), Antônio Conquista, sobre investimentos arriscados realizados pela instituição. Conquista participou de audiência pública da CPI dos Fundos de Pensão nesta terça-feira (25).
Ele foi convocado para esclarecer o deficit de R$ 5,6 bilhões nas contas do fundo de pensão dos Correios.
O 2º vice-presidente da comissão de inquérito, deputado Samuel Moreira (SP), destacou o fiasco de aplicações financeiras com os recursos do Postalis. A BNY Mellon, responsável pelos investimentos, teria gerado prejuízo milionário ao fundo. “Gostaria de saber quais foram as medidas internas tomadas em relação a isso”, cobrou o tucano. O presidente confirmou que as aplicações de R$ 370 milhões hoje somam apenas R$ 250 milhões.
Outro investimento suspeito citado por Moreira é o do Grupo Galileo, constituído em 2010 a partir da reunião de instituições de ensino do Rio de Janeiro. Os recebíveis estariam ligados aos ganhos da faculdade de medicina. “Temos notícia de que esse grupo quebrou e as faculdades foram fechadas”, alertou o parlamentar. Segundo o depoente, o Ministério da Educação suspendeu a autorização para o curso de medicina e o Postalis pediu a liquidação antecipada do investimento. Foram investidos R$ 81 milhões e recuperados somente R$ 44 milhões.
O presidente do Postalis tentou explicar a origem do deficit: R$ 3,4 milhões de origem financeira; R$ 1 bilhão de valores não integralizados; R$ 653 milhões resultantes da redução da taxa de juro atuarial; além de outros deficits de natureza atuarial (alteração de tábuas biométricas, taxa de rotatividade e taxa de inflação). Todos esses valores somados chegam aos R$ 5,6 bilhões. Para Pedro Cunha Lima (PB), o prejuízo mostra de maneira clara que existe dificuldade e falha na governança.
O deputado Marcus Pestana (MG) afirmou que a situação de “quebradeira total” coloca em risco a situação de funcionários dos Correios. A preferência do fundo por bancos de segunda linha é estranha, completou. “Meus alunos de economia talvez assessorassem melhor o Postalis que o BNY Mellon e a assessoria técnica. É de cair o queixo”, lamentou Pestana. Na avaliação dele, o investidor institucional deve ser prudente porque está lidando com o dinheiro de milhares de famílias.
Conquista confirmou que é filiado ao Partido dos Trabalhadores há cerca de 10 anos e que ocupa cargos no governo desde 2009. Ele admitiu já ter discutido a situação do Postalis com o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O dirigente descartou abrir mão voluntariamente de seus sigilos (fiscal, bancário, etc), já que compareceu à CPI “com a boa vontade de esclarecer” fatos e denúncias.
Do PSDB na Câmara