Nesta terça-feira, dia 24, comemoramos oficialmente no Brasil o direito do voto feminino, assegurado no Código Eleitoral Provisório Nº 21.076 de 1932, após intensa campanha nacional.
“Lutamos há muito tempo por mais espaços, que vagarosamente conquistamos. Estamos presentes em grande número no meio educacional, no mercado de trabalho e dirigindo projetos sociais nas mais diversas áreas. Porém ainda no meio político temos pouca representatividade. Não estamos presentes nos cargos diretivos, e em especial nas siglas partidárias”, explica a deputada estadual Zilá Breitenbach (PSDB).
A tucana que é líder do PSDB na Assembleia Legislativa gaúcha, já foi prefeita e vice-prefeita em Três Passos, presidente do PSDB/RS por 3 anos, e vice-presidente da mesa diretora na ALRS no ano de 2012, defende a proposta para que existam cotas garantindo a presença das mulheres nos poderes legislativos.
“Todos os países que possuem os melhores índices de igualdade entre homens e mulheres, como a Suécia e a Dinamarca, já tiveram políticas de cotas. Hoje temos uma lei que determina a participação mínima de 30% de mulheres nas listas de candidatos de todos os partidos. Porém, devido a falta de espaço e a dificuldade de inserção nesta área, muitas siglas acabam usando o sexo feminino como laranja apenas para cumprir a legislação, sem dar as candidatas o apoio necessário para elas terem chance de serem eleitas”, enfatiza.
Segundo o ranking de igualdade de gênero divulgado em outubro do ano passado durante o Fórum Econômico Mundial, grupo conhecido pelas reuniões que realiza em Davos, o Brasil caiu nove posições estando na 71ª colocação na lista. Em 2013 o país ocupava a 62ª posição.
Conforme a pesquisa um dos índices que fez o Brasil perder posições neste ranking foi o de “empoderamento” político feminino, quesito que contabiliza o número de mulheres no Congresso, em posições ministeriais e na chefia de Estado.
Uma pesquisa de 2014 do Inter-Parliament Union (IPU)*, “Women in Parliament”, levantou dados sobre a presença de mulheres nas cadeiras das câmaras legislativas e senados ao redor do mundo. Nesta o Brasil aparece na horrível posição 125, entre 150 países. Entre 513 parlamentares, apenas 44 são mulheres. O resultado é, ao mesmo tempo, triste e surpreendente. O lado triste: apenas dois países no mundo tem maioria mulher em suas câmaras legislativas. Entre os senados, nenhum tem maioria mulher. O lado surpreendente: você jamais conseguiria acertar os únicos dois países onde as mulheres têm mais voz na Câmara: Ruanda e Andorra.
“Não precisamos ir muito longe para vermos esta queda, basta olharmos para os lados durante as sessões plenárias aqui na assembleia legislativa gaúcha. Na última legislação éramos 11, hoje somos nove representantes do sexo feminino. Como podemos explicar: apesar de sermos a maioria da população, somos minoria nos cargos eletivos?”, questiona Zilá.
A deputada destaca que a data deve ser lembrada e refletida, por todas as mulheres. “Além da data de hoje, podemos aproveitar o mês de março, e organizarmos nossas comunidades para eventos do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março e debatermos sobre igualdade de gênero, incentivarmos e apoiarmos propostas que buscam inserir cada vez mais as mulheres em todos os ambientes profissionais, refletir sobre os espaços que estamos deixando de ocupar, e ações para que estejamos mais presentes na política”, finaliza a tucana.
*Inter-Parlamentary Union (IPU), órgão que reúne todos os legislativos do mundo e que compila estatísticas sobre a presença de mulheres nestas casas.