A recessão econômica derrubou a população da nova classe média para a base da pirâmide social. Estudo da Tendências Consultoria Integrada apontou que, de 2015 a 2017, 3,1 milhões de famílias da classe C, ou cerca de 10 milhões de pessoas, devem cair para a classe D/E. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo deste domingo (1º).
De acordo com o levantamento, entre 2006 e 2012, no boom do consumo, 3,3 milhões de famílias subiram um degrau, passando da classe D/E para a C. Agora, afetadas pelo aumento do desemprego e da inflação, a classe média começa a fazer o caminho de
volta.
Para o economista e sócio da consultoria e responsável pelo estudo, Adriano Pitoli, a mobilidade que houve em sete anos (de 2006 a 2012) deve ser praticamente anulada em três. “Estamos vivendo, infelizmente, o advento da ex-nova classe C”, afirmou.
Para projetar esse número, o especialista considerou que, entre 2015 e 2017, a economia deve recuar 0,7% ao ano, a massa real de rendimentos, que inclui renda do trabalho, Previdência e Bolsa Família, vai cair 1,2%, e o desemprego deve dar aumentar ainda mais, atingindo 9,3% da população em idade de trabalhar em dezembro de 2017.
O nível é o maior dos últimos 13 anos.
Segundo o economista, é a primeira queda da classe C em número de famílias desde 2003 e o primeiro ano de crescimento expressivo da classe D/E. Apenas em 2015, a classe D/E vai ser ampliada em cerca de 1,5 milhão de famílias. Em 2016, a projeção é de que aumente em 1,1 milhão e em 454 mil em 2017. “Grande parte dessas famílias está fazendo o caminho de volta, vieram da classe C”, concluiu.
A reportagem ouviu ainda o economista e professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV). De acordo com ele, os fatores que estariam levando parte das famílias de classe C a retornar ao estrato de origem são a “alta impressionante no número de desempregados, o fechamento de vagas, o salário médio real que parou de subir e o crédito mais caro e restrito”.