Não bastasse a recessão sem precedentes que fez com que a inflação chegasse a níveis alarmantes e 11 milhões de brasileiros ficassem desempregados, o Brasil sofre agora o impacto de um novo rebaixamento do seu grau de investimento. A agência de classificação de risco Fitch cortou novamente a nota de crédito do país, de BB+ para BB. As perspectivas são negativas, já que existe a possibilidade de um novo rebaixamento nos próximos meses. Em dezembro, a agência já havia retirado do Brasil o selo de bom pagador.
Para o senador Dalírio Beber (PSDB-SC), a degradação da economia brasileira já era um desastre prenunciado, e foi ignorado pela gestão petista.
“É lamentável porque tudo isso já se previa durante o processo eleitoral de 2014, uma vez que os candidatos de oposição que buscavam a alternância, que já discutiam com a sociedade, com o público eleitor que à época tinha a responsabilidade de definir o futuro do Brasil, foram muito claros no sentido de que o país, se não mudassem os rumos da política econômica, haveria uma grande crise, uma grande dificuldade. A bem da verdade, quem buscava a reafirmação das verdades, que agora a gente sabe que eram inverdades, para conseguir mais um mandato pintou um quadro em que nada disso existia, e muito menos aconteceria. Que o grave risco de uma eleição, de uma alternância, era exatamente o de eleger candidatos da oposição”, explicou.
A consequência disso, segundo o tucano, foi a reeleição de Dilma Rousseff à Presidência da República. “Nós vimos que a eleição no segundo turno aconteceu no dia 26 de outubro. Dali para frente, nenhuma notícia positiva aconteceu. A degradação, ou seja, tudo aquilo que se prenunciava, começou a de fato ser comprovada, através dessa contabilidade criativa, que deturpava os números e que, somente no ano de 2015, passou a ser escancarada, traduzindo essa fragilidade da economia brasileira que fez com que as três principais agências que analisam e estabelecem o risco da economia de um país rebaixassem o país, e continuassem rebaixando”.
Economia deteriorada
Em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (05/05), a Fitch avaliou que a economia brasileira tem se deteriorado em velocidade maior que a esperada. O Produto Interno Bruto (PIB) deve encolher 3,8% neste ano. O rebaixamento do Brasil para o grau BB igualou a nação a países como Bolívia, Croácia, Paraguai e Guatemala. A diferença é que, dentre esses países, o Brasil é o que tem o maior rombo. A dívida pública brasileira pode chegar a 80% do PIB em 2017.
A Fitch também assinalou como preocupante a falta de compromisso da atual gestão com a meta fiscal. Uma proposta apresentada pelo governo neste ano flexibiliza a meta da economia para pagar os juros da dívida. Se aprovado, o projeto vai permitir um déficit de 1,5% do PIB, isso após o resultado negativo de 2% no ano passado.
O senador Dalírio Beber destacou que foi muito difícil para o Brasil conquistar o grau de investimento que permitisse que investidores internacionais acreditassem no país e depositassem aqui os seus recursos, fortalecendo a nossa economia. Por conta disso, os erros cometidos pelo PT na política econômica são ainda mais graves.
“Nós perdemos ricos anos, se tivéssemos dado continuidade às políticas que foram implementadas nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso. Lamentavelmente, o PT foi irresponsável desde o primeiro dia do governo deles, em 2003, mas aprofundou essa irresponsabilidade no final do período do segundo mandato do presidente Lula e, sobretudo, agora no primeiro mandato da presidente Dilma e em 2015. Ou seja, perdeu a credibilidade para poder convocar a nação brasileira a um grande esforço, um grande sacrifício, para a superação das nossas desigualdades e a superação dos desequilíbrios provocados em função da má política econômica implementada nesses últimos anos”, afirmou.
O parlamentar acrescentou que as perspectivas para o futuro não são nada animadoras, a não ser que um novo governo assuma a liderança do país, disposto a promover uma completa reforma fiscal.
“Já fomos rebaixados uma vez, e estamos sendo rebaixados mais uma vez, com perspectivas péssimas com relação ao futuro. Por isso, a alternância promovida agora, através do instrumento do impeachment, que é constitucional uma vez que essa contabilidade criativa do governo para justificar a sua política econômica ensejou a prática de crimes de responsabilidade tipificados na nossa legislação, é imperiosa. O Senado tem a responsabilidade de oferecer ao Brasil, talvez não a alternância ideal, mas aquela que restou por força dos diplomas legais que regem a democracia brasileira”, completou.