O senador Paulo Bauer informou, nesta quarta-feira (30), que apresentará requerimento perante a Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul) para que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, relate os resultados de sua recente missão oficial à Venezuela e esclareça seus planos de usar recursos do Tesouro Nacional, por meio do Programa de Financiamento às Exportações (Proex), para pagar a pendência que o governo venezuelano tem com empresas brasileiras.
Bauer chamou atenção para o fato de que, ao usar recursos do Proex, o governo brasileiro estará financiando o modelo econômico venezuelano.
Ele explicou que empresas brasileiras foram estimuladas pelo governo federal a aumentar suas exportações para a Venezuela e agora estão tendo dificuldades para receber o pagamento pelos produtos que fornecem. Os atrasos chegam a quatro meses, de acordo com reportagem da “Folha de S.Paulo”.
Ao contrário do que acontece em outros países, explicou Bauer, quando uma empresa venezuelana compra produtos brasileiros, não pode fazer o pagamento em dólares diretamente ao fornecedor e fica obrigada a depositar o pagamento em bolívares na Comissão de Administração de Divisas, (Cadivi), ligada ao Banco Central venezuelano. Esse órgão, segundo o senador, é que faz o repasse do dinheiro com atraso, para conter a saída de dólares do país.
“Para preservar as reservas cambiais venezuelanas, o Cadivi segura, por vários meses, o pagamento, trazendo graves prejuízos para as empresas exportadoras brasileiras, aquelas que empregam gente brasileira, aquelas que fazem o nosso país crescer. Imagine o impacto para o fluxo de caixa de uma empresa de levar até quatro meses para receber cada pagamento devido”, reclamou o senador.
O assunto também poderá ser discutido no dia 11 de novembro, quando o Parlamento do Mercosul se reunirá em Montevidéu para, em sessão plenária, retomar os seus trabalhos.
Bauer, que é vice-presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, observou que a reunião está atraindo atenção, pois será a primeira desde a admissão da República Bolivariana da Venezuela como membro do bloco econômico. Para ele, “lamentavelmente, a Venezuela fará sua estreia no Parlasul já devendo explicações”.
“O Brasil não pode criar subterfúgios para manter a relação com a Venezuela. Nós precisamos exigir que ela se comporte como uma verdadeira parceira comercial: com lealdade e respeito aos contratos. O foro adequado para isso é o Mercosul. A Venezuela faz parte do bloco. Isso é fato consumado; ninguém mais discute. Precisamos cobrar dela respeito às regras”, afirmou.
(Da Agência Senado)