A história recente do país mostra que o Partido dos Trabalhadores trata o tema impeachment de acordo com sua conveniência. Hoje, quando a oposição defende o pedido de impedimento da presidente Dilma Rousseff, líderes do PT e aliados do governo se levantam para gritar que é “golpe”. No entanto, o recurso é o mesmo usado por eles contra ex-presidentes que exerceram o mandato após a redemocratização do Brasil.
O ano de 1999 é emblemático. Em outubro de 1998, Fernando Henrique Cardoso venceu as eleições em primeiro turno, com 53,6% dos votos. Já no primeiro mês do segundo mandato, o petista Tarso Genro assinou um artigo na “Folha de S.Paulo” cobrando a renúncia do tucano e a convocação de novas eleições ainda naquele ano. E ainda no primeiro semestre, quatro pedidos de impeachment foram protocolados contra FHC – todos posteriormente arquivados. Um deles foi entregue pelo então deputado José Dirceu (PT-SP), anos mais tarde condenado no escândalo do mensalão.
Na época, lideranças petistas como o então deputado José Genoíno, outro condenado no mensalão, bradava: “Não podemos admitir que uma autoridade, por mais importante que seja, se sinta acima da lei”. Ele mesmo protocolou um pedido em nome do PT, PCdoB, PDT e PSB. O petista Milton Temer (RJ) entrou com dois pedidos de afastamento. Entre os pontos-chave dos discursos dos petistas, o cometimento de um suposto estelionato eleitoral.
Mas hoje, diante do trâmite de uma ação assinada, entre outros, por um dos fundadores do PT, a legenda de Dilma repete à exaustão que se trata de golpe. O pedido em análise na Câmara aponta o cometimento de crime de responsabilidade pela presidente, como as chamadas “pedaladas fiscais”, pela edição de decretos orçamentários sem autorização legislativa e pelo petrolão. Segundo cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU), as irregularidades nas contas públicas totalizam R$ 106 bilhões. Apesar das fortes evidências, os petistas insistem em afirmar, numa cantilena de quem não tem argumentos, de que agora se trata de golpe.
Do Portal do PSDB na Câmara