As mulheres brasileiras trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens. A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulgou um estudo nessa segunda-feira (6), com base em dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Nessa jornada, estão incluídas as horas de serviço remunerado e os afazeres domésticos. Nesse último item – não remunerado – as mulheres também assumem a maioria do trabalho. Mais de 90% delas fazem atividades domésticas, enquanto pouco mais de 50% dos homens disseram se ocupar dessas tarefas. Enquanto isso, a escala de remuneração entre os gêneros continua a mesma: homens brancos têm os melhores rendimentos, enquanto mulheres brancas, negras, e homens negros aparecem logo abaixo. A deputada federal Geovania de Sá, do PSDB de Santa Catarina, lamenta que às vésperas de mais um Dia Internacional da Mulher, elas não tenham boas notícias para comemorar. A tucana expõe os problemas que permeiam a vida das mulheres, e que impedem o avanço da igualdade de gênero.
“Mesmo no mercado de trabalho, elas também têm que assumir as responsabilidades das suas casas, onde muitas ainda têm essa jornada maior porque desenvolvem as tarefas domésticas. Até porque os salários estão muito abaixo, principalmente quando os homens desempenham a mesma função. Assim, elas não têm como contratar alguém para fazer o serviço de casa, então têm que desenvolver esse trabalho”, disse.
A diferença da taxa de desocupação entre os sexos também chama atenção: em 2015, a feminina era de 11,6%, enquanto a dos homens alcançou 7,8%. No caso das mulheres negras, a disparidade é ainda maior, chegando a 13,3%. Geovania acredita que a ausência de mulheres na política também explica as diferenças visíveis entre os sexos, e ressalta a luta da bancada para aumentar a representatividade.
“Em relação ao avanço pela igualdade de gênero, realmente caminha muito lentamente. E por desempenhar tantas funções, a mulher acaba não tendo muito espaço para participar ativamente na sociedade, seja no bairro, em entidades ou associações. E para cargos eletivos, desde uma Câmara Legislativa até a Federal, a mulher acaba ficando muito longe das discussões. E essa é a nossa luta, para buscar outras e trazê-las para o debate”, declarou.
A pesquisa mostra que também subiu a proporção de lares brasileiros chefiados por mulheres, que em 20 anos, saltou para 40%.