As famílias brasileiras estão regredindo socialmente. É o que aponta o estudo da Federação do Comércio de São Paulo (FecomércioSP). De acordo com os dados divulgados nesta segunda-feira (21), 1,2 milhão de famílias andaram para trás nos últimos 12 meses. Algumas saíram da classe C para a D, outras deixaram a classe D e retornaram para a E.
Reportagem do jornal Valor Econômico de hoje destacou que um reflexo direto da perda do poder de consumo dessa parcela da população aparece nas vendas dos supermercados.
A Pesquisa Mensal do Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que, em julho passado, as famílias saíram dos supermercados com um voluma de compras 2% menor. Além da menor quantidade, os brasileiros estão trocando marcas tradicionais por mais baratas.
De acordo com o Índice do Custo de Vida da Fecomércio, nos últimos 12 meses, a inflação que atinge a cesta de consumo das classes D e E superou 11%. Apenas nesse período, foram mais de 231 mil famílias que passaram da classe C para a D e outras 920 mil que deixaram a classe D rumo a E.
Segundo o assessor econômico da FecomércioSP, Fabio Pina, o estudo considerou a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) de 2008/2009 do IBGE e, a partir dela – com valores atualizados para dezembro de 2014 -, o trabalho reclassificou as rendas das famílias, considerando a corrosão do poder de compra de cada grupo pela sua cesta de consumo de bens e serviços e a perda do valor real dos salários.
“O que vemos é que a inflação, o aumento de juros e a falta de crédito afetaram mais a população de baixa renda e colocam em risco as conquistas dos últimos anos”, explicou. Para Pina, essa situação é “reflexo do esgotamento do modelo de crescimento” ancorado no consumo que marcou a economia nos últimos anos.