Em discurso no final da noite de quarta-feira (16), o senador Dalirio Beber (PSDB-SC) fez críticas às medidas tomadas pelo governo federal para reagir à crise econômica que o Brasil atravessa. Para ele, não é justo “deixar a conta do desajuste fiscal” para os cidadãos. A elevação de impostos, avalia Dalirio, só dificultará a retomada do crescimento.
“Quer se impor um duro sacrifício para consertar os desacertos de muitos anos de gestão irresponsável. Não é o momento de chamar mais impostos para pagar as contas da incompetência do governo. Essa conta com certeza não pertence aos trabalhadores brasileiros, portanto não é justo que recaia sobre eles”, disse.
Beber recordou que a oposição, a imprensa e os analistas econômicos sempre chamaram atenção para a queda dos indicadores, mas que o governo preferiu ignorar. Ele destacou também os protestos populares dos últimos meses, que o Executivo não quis ver como manifestação de sintomas da crise e de descontentamento da população.
As medidas de ajuste anunciadas pela equipe econômica são, para o senador, um “recuo”, e não devem evitar a retração do PIB. Beber defendeu que o caminho certo é resgatar a credibilidade e promover reformas estruturais que não perpetuem os problemas para as gerações futuras. Também é necessário dar atenção aos pleitos de estados e municípios
“Não é o momento de chamar mais impostos para pagar as contas da incompetência e da má gestão do governo. Os ministros da área econômica têm encontrado dificuldades de equalizarem os números que ensejam a inflação deste e do próximo ano, bem como da provável arrecadação levando em conta a desaceleração da economia, vítima de dificuldades que vivem, por de medidas em total desencontro aos interesses do país”, alertou.
Para o senador, o Governo Federal tem sido insensível com o sofrimento, não apenas dos trabalhadores brasileiros, mas tem tratado com indiferença as finanças dos estados, distrito federal e municípios que vivem uma de suas piores crises, em consequência da queda brusca da arrecadação, resultante da baixa atividade econômica.
“Esta falta de sensibilidade do Governo Federal ficou sobejamente demostrada quando da divulgação das medidas do pacote na última segunda feira, ao ressuscitar a CPMF com a alíquota de 0,20% sobre a movimentações financeiras realizadas no sistema bancário. Nada se falou em favor dos demais entes federados, tão somente se tratou dos interesses e necessidades da União”.
O senador terminou seu discurso dizendo que o Brasil precisa virar logo essa página, resgatar sua credibilidade, para voltar a crescer e não deixar essa verdadeira “herança maldita” para as presentes e futuras gerações.
“Milhões de brasileiros honestos, trabalhadores, e pais de família esperam por isso!”, finalizou Dalirio.
Senador participa do Seminário “Caminhos para o Brasil”
Os presidentes do Instituto Teotônio Vilela (ITV), José Aníbal, e do PSDB, Aécio Neves, promoveram, nesta quinta-feira (17), em Brasília, o Seminário “Caminhos para o Brasil”. O evento, que marcou o início das comemorações dos 20 anos do ITV, teve como objetivo discutir alternativas para a crise econômica no país.
Senadores e economistas falaram sobre crise econômica, declarações da presidente Dilma e julgamento TCU. Para o senador Dalirio, o PSDB, através do Instituto Teotônio Vilela (ITV), com esse tipo de encontro, “busca com a presença de alguns dos mais renomados e respeitados economistas brasileiros colocar um pouco de luz sobre esse cenário tenebroso da economia brasileira no qual o PT e seus governos mergulharam o Brasil”, disse.
O senador Aécio Neves, que mediou o debate falou sobre as últimas declarações da presidente Dilma Rousseff. “A presidente, ontem, por duas vezes e sem ser instada, falou em golpismo. Falou em atalhos para se chegar ao poder. Concordo, e olha que não é fácil concordar com a presidente da República em alguma coisa, eu concordo com uma frase que ela diz de que a legitimidade do voto é a base da democracia. Isso é correto, desde que esse voto tenha sido obtido de forma legal e é isso, que, felizmente, as instituições hoje no Brasil estão apurando.
O Tribunal de Contas avalia se a presidente descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal com as pedaladas (fiscais) ou assinando crédito sem autorização congressual para se beneficiar eleitoralmente. Dentro de poucos dias, o Congresso avaliará a decisão do Tribunal de Contas. Por outro lado, o Tribunal Superior Eleitoral investiga se dinheiro da propina da Petrobras foi utilizado na campanha eleitoral da presidente da República. Se comprovados esses crimes, seu mandato perde a legitimidade”, disse.
Foram palestrantes o economista e ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga; o ex-secretário-adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda e economista, Gustavo Franco; o diretor-presidente do Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa, Marcos Lisboa; o doutor em economia e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, Samuel Pessôa e o economista e técnico de Planejamento e Pesquisa do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, Mansueto Almeida.