Nos últimos meses, o PSDB promoveu uma festa da democracia. Em maio, tivemos a coragem de lançar prévias para que os filiados tucanos pudessem manifestar sua escolha e elegessem nosso candidato para as eleições presidenciais de 2022. A vitória de João Doria no último sábado coroa esse processo inédito.
Não foi, claro, um caminho sem percalços. O partido enfrentou não apenas a desconfiança de alguns analistas e de adversários que gostariam de nos relegar ao passado histórico, provavelmente temerosos da força política e eleitoral do partido que mudou o Brasil com o governo Fernando Henrique. Enfrentamos, sobretudo, sórdidas tentativas de nos impedir de concluir as nossas prévias.
Os indícios levantados pela desenvolvedora do nosso aplicativo, a Faurgs, acerca de tentativas de ataques de hackers observadas no dia 21 foram corroborados pelo que efetivamente aconteceu na conclusão da votação. No último sábado, houve milhões — sim, milhões — de investidas vindas do exterior para tentar barrar nossas prévias. Os sabotadores da democracia não desistem.
A questão que sobressai a partir dessa constatação é: a quem interessava impedir que o PSDB escolhesse, democraticamente, seu candidato a presidente da República? Serão os mesmos que, quase diariamente, investem contra nossas instituições e ameaçam nossa democracia? Os mesmos que flertam com ditaduras daqui e lá de fora? Pois eles não conseguiram deter o PSDB.
O sucesso da votação realizada no sábado é a recompensa de uma ousadia. As prévias tucanas são a maior inovação da política brasileira em décadas. E inovar é sempre mais difícil que o conforto da omissão e do conformismo. No nosso partido, as prévias tornaram-se um caminho sem volta, e esperamos que se transformem também em paradigma para as demais legendas brasileiras.
No PSDB, os candidatos não são autoindicados, impostos ou escolhidos por meia dúzia em conchavos. Essa é nossa diferença: nós radicalizamos a democracia. O processo de escolha tucano agora precisará sempre de um “mesão”, onde caibam dezenas de milhares de cadeiras — as prévias tiveram o voto de 29.192 filiados, eleitorado maior que o de 4.788 municípios brasileiros. Que partido ousaria ir tão longe?
Conhecido o resultado, a mudança que o Brasil precisa começa agora. A missão da nossa candidatura é atacar o abismo de desigualdades que separa os brasileiros. A lista de retrocessos e fracassos que o país experimentou nas últimas décadas é extensa. Não podemos continuar reféns de governos alheios e indiferentes à miséria, à fome, à inflação, à recessão e ao desemprego.
O sucesso do nosso candidato estará em promover as reformas necessárias. Mas não apenas. Estará também em impedir tanto a volta de aventuras patrocinadas por aqueles cujos governos assaltaram o país quanto a permanência do atual presidente da República, cuja maior proeza até agora foi conseguir ressuscitar em parte dos brasileiros a ilusão de que o PT presta.
A partir de agora, com a unidade partidária construída no voto e no confronto de ideias, respaldada pelas declarações de Eduardo Leite e Arthur Virgílio logo que o resultado foi proclamado, o governador João Doria tem a necessária legitimidade para buscar apoios e construir alianças. Dispõe também da autoridade para, com generosidade, humildade e maturidade, liderar o entendimento com as demais forças políticas e sociais comprometidas com a democracia para ser o candidato da união e, juntos, buscarmos a vitória em 2022.
Juntos, vamos derrotar as duas faces da mesma moeda do populismo irresponsável e eleitoreiro que boicota dias melhores para os brasileiros. Não tenhamos medo: a esperança, a real esperança de recuperar a prosperidade e a paz, de resgatar as imensas virtudes do nosso país e de voltar a sonhar, somos nós. E ela vai vencer. Porque o Brasil merece um novo caminho.
(*) Presidente nacional do PSDB
Artigo publicado no jornal O GLOBO, em 01/12/2021