
Brasília (DF) – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se tornou réu da Operação Lava Jato, em primeira instância, nesta terça-feira (20), após o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos, ter aceito denúncia contra o petista oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF). Na última quarta-feira (14), a força-tarefa da Lava Jato indiciou Lula e outras sete pessoas, incluindo a sua mulher, Marisa Letícia, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. As informações são de reportagem do portal G1.
O petista é acusado pelo MPF pelo desvio de R$ 87,6 milhões em propinas cobradas de empresas que mantinham contratos com o governo petista, além do suposto recebimento de R$ 3,7 milhões em vantagens indevidas do esquema de corrupção na Petrobras. A denúncia abrange três contratos da empreiteira OAS com a estatal.
Além de Lula e Marisa, também se tornaram réus na ação o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro; o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; o arquiteto Paulo Gordilho; e os executivos Agenor Franklin Magalhães, Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira, ligados à OAS.
Para o secretário-geral do PSDB, deputado federal Silvio Torres (SP), a denúncia apresentada pela força-tarefa da Operação Lava Jato está bem fundamentada, cabendo agora à defesa de Lula provar a sua tão alardeada inocência. O tucano criticou o discurso vitimista adotado por Lula, que tenta politizar as investigações e terceirizar as suas responsabilidades.
“A denúncia dos procuradores foi muito bem elaborada. Foi didaticamente, inclusive, apresentada. Estabeleceu todas as relações que levaram Lula a ser considerado um denunciado. O juiz Sergio Moro teve com Lula o mesmo tratamento que tem dado aos outros denunciados – que é, diante de provas e evidências, aceitar a denúncia. Não significa que ele [Lula] já esteja condenado. Agora, Lula vai poder se defender, ele e os demais réus, e aí tentarem se livrar das acusações”, afirmou.
“Não é apenas com discurso, se vitimizando, que ele vai sair dessa situação. Os defensores deles vão ter que ser bastante competentes para anular as provas e livrar o ex-presidente de uma condenação. Há muitos fatos que levam a uma finalização de que ele possa ser condenado”, acrescentou o parlamentar.
Silvio Torres destacou que Lula deve abandonar a tentativa de desqualificar os procuradores da Lava Jato, que se revelou um tiro pela culatra, e concentrar seus esforços em sua defesa, já que, como ex-presidente da República, o petista deve explicações à população brasileira.
“Na medida em que Lula e o PT escolhem politizar essa questão, eles ficam mais vulneráveis ainda, ao contrário do que imaginam. Eles têm que se concentrar na defesa deles, e não no ataque aos procuradores. Provavelmente agora serão capazes de atacar até o juiz Sergio Moro, tentar desqualificá-lo, criar sobre ele algum tipo de suspeição”, disse.
O tucano levantou a hipótese de que, se o processo correr normalmente, Lula poderá ser julgado e talvez até preso em 2018, já que o novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) é que, uma vez ocorrida a condenação em segunda instância, o réu pode ser responsabilizado.
“Acho que a sentença de primeira instância leva algum tempo, alguns meses. Não acho que vai ter uma sentença agora tão rápido, mas o Lula, se condenado, recorrendo em segunda instância, pode ser julgado talvez no ano de 2018, e com risco de ser preso, se a condenação for confirmada em segunda instância. A situação do Lula é bastante difícil. Ele está, pela primeira vez, enfrentando uma acusação bem formalizada e nas mãos de um juiz que é muito respeitado, em um processo que o Brasil todo acompanha”, completou Silvio Torres.
Vale lembrar que esta já é a segunda ação penal contra Lula na Lava Jato. Em julho, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, aceitou denúncia apresentada pelo MPF contra o ex-presidente e o ex-senador Delcídio do Amaral, ex-líder do governo petista. Os dois são acusados de obstrução de Justiça, tendo atuado na tentativa de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores do esquema de corrupção.
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