Brasília (DF) – Os fundos de previdência complementar, que deveriam representar um alento aos trabalhadores que contribuíram durante toda a sua vida, têm se revelado uma grande dor de cabeça. Isso porque, só no primeiro trimestre deste ano, o prejuízo acumulado pelos quatro maiores fundos de pensão do país – o Postalis, dos Correios; o Funcef, da Caixa Econômica Federal; o Previ, do Banco do Brasil; e o Petros, da Petrobras – ultrapassou os R$ 70 bilhões.
Vale lembrar que todos eles também são investigados na Operação Greenfield da Polícia Federal, que apura um esquema de corrupção e fraudes cometidas nos fundos de pensão. Reportagem veiculada nesta quarta-feira (12) pelo jornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, destaca outra face perversa do desgoverno e má gestão que perdurou nesses fundos durante as gestões do PT: os trabalhadores estão tendo que tirar do próprio bolso para saldar as dívidas acumuladas pelos fundos.
Nos Correios, mais de 84 mil pessoas têm sofrido com os descontos extras no contracheque, forma que a estatal encontrou para cobrir o rombo de mais de R$ 5,5 bilhões no Postalis, acumulado entre 2012 e 2014. O problema é que o valor descontado dos salários de funcionários na ativa e aposentados ainda deve aumentar, de forma a acomodar o prejuízo acumulado em 2015. Somado aos anos anteriores, o déficit chega aos R$ 6,2 bilhões.
A situação se repete em outros fundos de pensão. No Petrobras, por exemplo, mais de 77 mil trabalhadores ativos e inativos deverão ajudar a pagar o prejuízo de R$ 22,6 bilhões do Petros. Na Caixa, o déficit acumulado pelo Funcef já é de R$ 18 bilhões.
Para o deputado federal Giuseppe Vecci (PSDB-GO), a racionalização da administração pública, que inclui fundos de pensão, autarquias, fundações, empresas públicas e agências reguladoras, é um desafio urgente. Para isso, um dos primeiros passos é profissionalizar a gestão dessas instituições, de forma a desmontar o sistema de ‘cabide de empregos’ que vigorou durante os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
“O princípio da eficiência, tão defendido pelos gestores e administradores públicos, raramente é observado na prática, seja por uma burocracia excessiva e engessada, seja pela falta de comprometimento de gestores com a coisa pública. É preciso voltar o olhar para a importância de se ter à frente da administração pública gestores eficientes, que estejam, de fato, a serviço do bem público”, afirmou.
Em artigo, o tucano avaliou que a aplicação da meritocracia nesses órgãos também colocaria um fim ao “fisiologismo” e “corporativismo”, condutas políticas que criam um ambiente propício para o surgimento de esquemas corruptos e “impedem que a democracia brasileira amadureça e se solidifique”.
Austeridade
O parlamentar também cobrou a racionalização dos gastos desses fundos de pensão com medidas de austeridade, que implicam na redução das estruturas estatais e dos cargos comissionados, dos gastos e benefícios exclusivos, e das despesas de custeio.
“A maturidade da administração pública resulta em mostrar ao contribuinte que os recursos que eles confiam ao Estado são bem empregados em serviços públicos de qualidade como saúde, educação, transporte, saneamento e segurança, e não provocar a indignação com má distribuição de renda, injustiça social e discrepâncias que geram ainda mais desigualdade”, completou Vecci.
Veja AQUI a reportagem do Bom Dia Brasil.