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Sergipe contrariou expectativas e retrocedeu em aspectos importantes, por José Carlos Machado

Dez anos após a Lei do Saneamento Básico entrar em vigor no Brasil, metade da população do país continua sem acesso a sistemas de esgotamento sanitário. Quem afirma é o Portal G1, que trouxe um levantamento do quadro no Brasil. Sergipe aparece ocupando o 10º lugar no ranking quando o assunto é o abastecimento de água e em 20° quando se trata do esgoto em si.

Comparando aos demais, nosso pequeno Estado parece não estar numa situação tão ruim no aspecto da água – atrás apenas de nove Estados. No entanto, comparando o sistema de abastecimento sergipano de hoje ao de dez anos atrás, quando o Estado ocupava o 3º lugar no ranking, é possível ter uma visão melhor desse quadro.

Em 2006, Sergipe estava atrás apenas do Distrito Federal e de São Paulo nesse quesito. Hoje, ambos os Estados permanecem em suas posições de 1º e 2º lugares do país, enquanto Sergipe caiu 7 posições. Ou seja, regredimos. E muito.

O que chama ainda mais a atenção é o que, em artigo publicado na Folha de S. Paulo, em 7 de junho de 2006, Antonio Delfim Netto, um dos maiores economistas do Brasil e ex-ministro da Fazenda, destacou à época: a brilhante fase do Estado de Sergipe, inclusive nesse aspecto do abastecimento de água.

No texto, intitulado “O melhor IDH do Nordeste”, Delfim Neto diz que “Sergipe já é um dos três Estados brasileiros melhor servidos em abastecimento de água tratada nas residências” e que, “com isso, superou as metas do Programa “Água em Toda Casa” e, graças a investimentos de US$ 400 milhões com recursos próprios, pretende ser o primeiro Estado brasileiro a ter 100% da população atendida em 2008”.

Não aconteceu. A pouco menos de dois meses para 2018, dez anos a mais do que estabeleceu Delfim para que Sergipe alcançasse essa meta, ela não se concretizou. Pelo contrário: ficamos bem mais longe de atingi-la.

Delfim Neto usa diversos outros parâmetros para justificar o brilhantismo atribuído a Sergipe, embora eu esteja me atendo apenas ao da água, que, em minha opinião, revela um dos aspectos mais graves do nosso Estado. Os outros aspectos foram retratados por Hérbert Pimenta, presidente do PSDB Jovem em um artigo recente.

O fato é que, como os professores da Universidade Federal de Sergipe mostraram com o Anuário Socioeconômico deste ano, o Estado teve uma década perdida. Dez anos não apenas de falta de crescimento, mas de retrocesso, de perda do que conquistamos. Dez anos em que voltamos no tempo.

Resta saber se o Estado continuará mantendo esse cenário, retrocedendo em aspectos econômicos, sociais e humanos. Indo na contramão do desenvolvimento a que estava habituado e deixando faltar até o item mais básico para a sobrevivência humana, que é a água!

*É ex-deputado federal e atual secretário-geral do PSDB Sergipe

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