Político brasileiro, agricultor, industrial, sempre lembrado como boêmio e notável literato, Teotônio Vilela tornou-se um mito nacional, no período da ditadura militar (1964-1985), ao liderar com coragem e esperança uma campanha pela redemocratização do Brasil. Conhecido também como o “Menestrel das Alagoas”, música que Milton Nascimento e Fernando Brant dedicaram a ele e hino do movimento das “Diretas Já”, projetou-se na cena política brasileira quando iniciou um incansável combate a favor da anistia ampla, geral e irrestrita e passou a lutar por uma Constituinte e pela volta das eleições diretas. Ele completaria 100 anos de idade no domingo (28).
A atuação como presidente da Comissão Mista de Anistia consolidou a liderança política de Teotônio Vilela e o levou a uma jornada de visitas a presídios, que deu dimensão nacional à questão dos presos políticos. Em sua primeira visita a uma prisão – Presídio do Barro Branco, em São Paulo -, foi acompanhado por Fernando Henrique Cardoso, então sociólogo e futuro presidente da República. Com ele, entre outros parceiros como Ulysses Guimarães, Mário Covas e José Serra, reuniu também os subsídios para as mudanças que o MDB apresentaria ao projeto proposto pelo governo, cujas principais reinvindicações foram a inclusão na anistia dos presos políticos acusados de terrorismo e a volta dos exilados ao país, sem necessidade de requerimento prévio. A aprovação da Anistia foi um dos passos mais importantes para o processo da abertura democrática no país que se consolidaria seis anos depois, em 1985.
No auge da carreira política, Teotônio Vilela foi surpreendido pelo diagnóstico de um câncer. Apesar da grave doença, não se deu por vencido e continuou sua batalha e peregrinação pela democracia. A perseverança e nobreza de sua marcha comoveram toda a nação.
“O Teotônio que o Brasil conheceu na política apaixonou o país inteiro. Ele incendiou o coração dos brasileiros com a pregação da liberdade, de justiça social, de que esse país tinha uma pátria”, conta Teotônio Vilela Filho, presidente do PSDB de Alagoas. Em entrevista ao ITV, Teotônio Filho lembra que seu pai não era um cidadão comum, mas sim “uma explosão da natureza”, um homem de múltiplas atividades, que gostava da vida, das rodas de boemia e que humanizava tudo que fazia. Ex-governador de Alagoas, Teotônio Filho, que foi também senador e presidente nacional do PSDB, destaca o que considera o principal legado de seu pai para a história política brasileira e comenta, emocionado, a homenagem que o PSDB fez a Teotônio Vilela, quando o designou para ser o patrono de seu instituto de estudos e formação política. “O medo e a coragem são frutos de uma decisão. E o Teotônio decidiu pela coragem.”
Família preserva acervo no centro de Maceió
Em Jaraguá, centro histórico de Maceió, funciona a Fundação Teotônio Vilela, instituição privada sem fins lucrativos que preserva o acervo, a biblioteca e as obras de cultura popular do “velho Teotônio”, como é chamado, carinhosamente, pela família. A instituição, criada em 1984, é presidida por Janice Vilela, também filha do político, e tem por missão divulgar o trabalho, as ideias e, principalmente, os sonhos e as esperanças de Teotônio. O ITV foi conhecer o casarão em Alagoas, onde fez a entrevista com Teotônio Filho e conversou com Janice que, ao memorar o pai, faz um apelo aos brasileiros e pelo Brasil de hoje: “O substituto de Teotônio é o povo brasileiro. Não existe uma pessoa capaz de levar em frente esse despertar. Então, povo brasileiro, todos convocados, pegue o seu pedacinho de Teotônio e vamos a luta!”.
* Do ITV