Brasília – O ano de 2014 começa com a ameaça de déficit de energia elétrica nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O risco está acima de 20%, segundo o jornal Valor Econômico na sua edição desta terça-feira (4). Se o desequilíbrio for pequeno, não haverá necessidade de decretar racionamento. Uma alternativa é reduzir a entrega de energia aos consumidores por meio de algumas medidas, diz a reportagem.
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO), que faz parte das comissões de Assuntos Econômicos e Mudanças Climáticas, afirmou que as ameaças são causadas pela ausência adequada de planejamento para o setor. Segundo ele, o período de seca prolongada agravou a situação, mas até essa possibilidade deveria ter sido considerada.
“O que faltou foi um estudo de planejamento e previsibilidade”, afirmou Cyro. “Um fato é concreto: um país só cresce só houver um aumento de energia”, ressaltou o senador. “Não dá para acreditar que Deus é brasileiro e que Ele resolve tudo. Não é assim que as coisas em um país sério devem funcionar.”
Ameaças
Em condições normais, segundo o jornal O Valor Econômico, o governo considera o risco de 5% como aceitável e programa a operação considerando o limite. A situação atual indica, no mínimo, que o uso das termelétricas deverá ser mais intenso do que o planejado nos próximos meses.
Em janeiro de 2012, quando os reservatórios baixaram demais e forçaram o governo a prolongar o acionamento das usinas térmicas, o risco era de 18,6% nas regiões Sudeste e Centro-Oeste (que constituem um único submercado em termos operacionais) e de 18,7% na região Sul. Hoje, é de 20,2% e 20,75%, respectivamente.
No último dia 30, foi atingida uma demanda recorde no sistema interligado, o pico alcançou 83.962 MW. Para déficits de mil MW ou 2 mil MW, de acordo com esse técnico, é factível adotar medidas que reduzam a tensão no sistema.
Os números foram calculados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) a partir da aplicação do Newave, um programa de computador que define a operação mensal do sistema, usando um modelo matemático para definir a melhor política de geração (o mix entre energia hidráulica e térmica).
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em relatório divulgado no dia 31, prevê que o volume de água que chegará aos reservatórios em fevereiro vai ficar em apenas 55% da média histórica no Sudeste e no Centro-Oeste. Com isso, a tendência é que o armazenamento nos reservatórios termine o mês abaixo de igual período de 2013.
O estoque de água estava em 45,5% da capacidade máxima, no Sudeste/Centro-Oeste, no fim de fevereiro do ano passado. A previsão atual do ONS é que, dessa vez, o nível esteja em 41,5%. Diante do cenário hidrológico ruim, os preços da energia no mercado de curto prazo já bateram recorde, segundo O Valor Econômico.