Em um Estado cuja a economia é fortalecida pelo setor agrícola, como Tocantins, uma importante ferramenta para o fomento do setor são as escolas voltadas para a educação no campo. Ao todo, o Tocantins conta com 44 escolas que oferecem a cerca de 8,1 mil alunos uma grade curricular especialmente voltada às comunidades de áreas rurais. São locais onde crianças aprendem a trabalhar a terra e a importância da produção de alimentos para a sociedade e seus indivíduos.
Conforme Letícia Suarte, membro do Grupo de Trabalho de Educação no Campo, da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seduc), escolas do campo são as que atendem prioritariamente as comunidades rurais, como assentamentos, chácaras e colônias em fazendas. “Mesmo que a escola esteja localizada na sede do município, ela deve atender ao público que vive na zona rural”, explicou.
Estas são escolas com estrutura curricular diferenciada, que primam pela união entre teoria e prática para desenvolver nas crianças o interesse e a vivência necessária para aprimorar hortas e lavouras. Nas unidades de educação no campo, os alunos permanecem quatro dias na semana recebendo aulas teóricas e um dia para aplicar este conhecimento junto à comunidade. “Além disso, a estrutura curricular deve oferecer disciplinas específicas da área do campo, como Agroecologia e Produção Rural Familiar”, frisou Letícia.
Uma dessas escolas está localizada no distrito de Luzimangues, no município de Porto Nacional. A Escola de Tempo Integral (ETI) Beira Rio recebe todos os dias 11 ônibus que levam crianças da região para ter aulas voltadas para a realidade que vivem. Ao todo, 630 alunos do segundo ano ao Ensino Médio recebem aulas teóricas e práticas sobre o manejo básico da terra e a produção de alimentos que são reaproveitados pela própria Escola na merenda.
De acordo com a diretora da unidade escolar, Luzeni Lourenço de Araújo Correia, na ETI Beira Rio, os estudantes tem a oportunidade de adquirir conhecimentos que poderão ser replicados na comunidade. “95% dos nossos alunos são hoje da zona rural. Aqui na escola é trabalhada a parte teórica de produção e temos outro diferencial que é a prática. Um trabalho feito junto com a comunidade”, disse. Na escola, conforme a diretora, os alunos têm aulas segundas e terças-feiras, nas quartas aplicam o conhecimento nas comunidades e, nas quintas e sextas-feiras, são analisadas as ações desenvolvidas durante a semana.
Desta forma, os pequenos alunos têm condições de aprender em sala de aula e aplicar o conhecimento tanto na horta cultivada na escola, como em casa. Para Marcos Vinícius da Silva Freitas, 11 anos, aluno do 2° ano, a oportunidade de mexer na terra e cultivar alimentos é importante para ele. “Nas aulas de produção rural a gente pode vir para a horta e aprende a plantar, a mexer com a terra. O uso do adubo orgânico é melhor que o adubo químico, que pode deixar a terra infértil”, explicou o pequeno, que disse pretender fazer Engenharia Civil.
O colega de escola de Marcos, Lucas Luis Pereira Silva de Oliveira, de 14 anos, também falou sobre a experiência em sala de aula, e deu um ponto de vista diferente sobre a horta escolar. “É muito bom produzir alimentos que são usados na merenda do colégio que economiza na compra. Além disso, nós participamos de alguns seminários sobre as plantas que são produzidas aqui na horta e seus benefícios para o corpo humano”, disse, orgulhoso.
EFA
Uma modalidade um pouco diferente de educação no campo, as Escolas da Família Agrícola (EFA), oferecem um ensino mais intensivo sobre a produção no campo. Atualmente a única escola dessa modalidade no Estado funciona em Porto Nacional e lá, conforme a representante do GT de Educação no Campo, Letícia Suarte, os alunos recebem uma educação de forma complementar. “Os alunos passam uma semana alojados na escola e uma semana em casa, colocando em prática o que aprenderam”, explicou.
Na próxima semana, uma equipe da Seduc realizará uma visita técnica nas Escolas da Família Agrícola de Esperantina, São Salvador e Riachinho, em fase de construção, a fim de pontuar as necessidades de cada localidade para início das aulas. Uma nova reunião ficou agenda para o dia 13 de novembro com a participação das associações das unidades escolares e a apresentação das demandas mais urgentes.
Fonte: Governo do Estado