A Polícia Federal de Brasília considerou “contraditórias e vazias” as explicações apresentadas pelo filho do ex-presidente Lula, Luis Cláudio da Silva, e pelo lobista Mauro Marcondes sobre um pagamento de R$ 2,4 milhões à empresa LFT Marketing Esportivo entre 2014 e 2015. A empresa é pertencente ao filho do ex-presidente, que alega ter prestado serviços na área de marketing esportivo.
De acordo com matéria publicada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (25), o delegado da PF responsável pela Operação Zelotes, Marlon Cajado, afirmou – na representação entregue à Justiça Federal – que as declarações prestadas por Luis Claudio e Marcondes, ao invés de “elucidar os reais motivos dos pagamentos”, serviram apenas “para gerar mais celeuma, já que não há uma definição precisa sobre quais e quantos serviços foram de fato contratados, quais eram os reais objetos de estudos e ao que eles se destinavam”. O delegado disse ainda que não foi encontrada nenhuma documentação nas buscas e apreensões nas sedes da LFT e da Marcondes e Mautoni “que desse mínimo lastro ao serviço contratado”.
Na representação encaminhada à Justiça, a PF pediu ainda a prisão do lobista Francisco Mirto Florêncio da Silva. Devido à anotação descoberta pela polícia, ele foi considerado “colaborador” de Marcondes por ter realizado “investigação” clandestina sobre um dos procuradores que atuam no caso, José Alfredo de Paula Silva. De acordo com o Ministério Público, a anotação encontrada é datada de abril de 2010, mesma época em que José Alfredo investigava, em inquérito civil, as negociações para a compra, pelo governo Lula, de 36 caças para a Força Aérea Brasileira no valor de até US$ 10 bilhões.
Um dos seis lobistas presos pela PF no mês passado na Zelotes, Marcondes é acusado de intermediar a compra de trechos de uma MP favoráveis a Caoa (representante da Hyundai) e da MMC (fábrica da Mitsubishi no Brasil), interessadas em obter benefícios fiscais do governo Lula. Uma das empresas de Marcondes, a Marcondes & Mautoni fez pagamentos, em 2014, de R$ 2,4 milhões à LFT Marketing Esportivo, empresa de Luís Cláudio por prestação de serviços na área de marketing esportivo – conforme depoimento prestado à PF pelo filho do ex-presidente petista.
Novas buscas na sede da Marcondes & Mautoni também foi solicitado na representação. Segundo o delegado, o objetivo é “aprofundar a investigação acerca da contratação da empresa LFT Marketing e outros contratos escusos”.