Brasília – A Petrobras registrou, segunda-feira (2), a maior queda no valor de suas ações desde a crise de 2008.
Os papéis ordinários da companhia sofreram desvalorização de 10,37%. Segundo reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, a decepção do mercado com a nova política de preços foi determinante para o declínio.
A política foi anunciada pela Petrobras deliberou, entre outras ações, reajustes dos preços para refinarias e consumidores finais. A empresa, porém, não deixou claros os critérios que adotará para as próximas alterações nos valores de petróleo e gasolina.
As críticas também recaíram sobre o fato de o governo federal identificar, nos preços praticados pela Petrobras, um mecanismo para o controle da inflação no Brasil.
Essa mentalidade, segundo o professor José Goldemberg, da Universidade de São Paulo (USP), é “irrealista” e determinante para o mau desempenho da companhia.
“O governo parece querer ‘controlar o mundo’. Em todo o planeta, o preço do combustível não para de subir. Mas aqui, eles parecem negar a realidade”, declarou.
A opinião é compartilhada pelo deputado federal Luiz Fernando Machado (PSDB-SP), integrante da Comissão de Minas e Energia da Câmara.
“O que acontece com a Petrobras, atualmente, é muito preocupante. Estamos falando de uma empresa que é um orgulho do povo brasileiro e que sofre com a má administração. O mercado percebe a incompetência e reage, como vimos agora”, afirmou.
Impactos – Já Goldemberg destacou que, além de uma menor arrecadação, esse tratamento como mecanismo de controle inflacionário afeta também o programa brasileiro para o álcool.
“O projeto para o álcool, a maior ação do mundo para a produção de combustíveis de origem renovável, está sendo prejudicado por esses equívocos com a Petrobras. Isso ocorre porque o preço do álcool está indexado ao da gasolina e, portanto, não pode ser modificado. Então diminuem os investimentos e a capacidade de expansão de algo que seria positivo para o país”, apontou.