“É um absurdo que um país, sem saber quanto tem de petróleo, coloque em leilão um campo com gigantesca dimensão e desconhecido potencial”. Este desabafo, feito pelo engenheiro Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobras e responsável pela Área de Negócios de Gás e Energia, entre 2003 e 2007, no governo Lula, foi citado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), na sessão plenária desta quarta-feira (09).
Os comentários críticos do ex-dirigente da estatal de petróleo brasileira se referem ao leilão do Campo de Libra, anunciado para o próximo dia 21 de outubro. Segundo salientou Alvaro Dias, as advertências de Ildo Sauer, um especialista no setor, não podem ser ignoradas, principalmente quando ele afirma que nenhum país do mundo faz o que o governo do PT está fazendo: leiloar aos poucos o acesso da produção de petróleo de campos com potencial ainda não totalmente revelado.
“A avaliação de Ildo Sauer tem endereço certo: a iniciativa da Presidência da República é equivocada, porque não faz sentido colocar em leilão o Campo de Libra, que, segundo a Agência Nacional do Petróleo, pode ter entre 8 e 12 bilhões de barris, apesar de haver estimativas de que possa chegar a 15 bilhões de barris. Portanto, diante da apreensão deste importante especialista do setor, constata-se que o PT, que tanto demonizou as privatizações para conquistar votos e ganhar eleições, está próximo de realizar aquela que será a maior privataria da história brasileira, para ficarmos em um termo tão utilizado por aquele partido”, afirmou o senador.
Diante da manifestação do engenheiro Ildo Sauer, Alvaro Dias disse ter sérias preocupações com a gestão da Petrobras nos últimos anos. Para ele, os alertas de Sauer apontam para uma ação “ingênua e destituída de conhecimento” do governo brasileiro. O senador disse concordar com a afirmação do ex-diretor da Petrobras de que é rigorosamente temerário leiloar o campo de Libra com apenas um poço, sem condições de dimensionar o volume de petróleo existente.
“Ildo Sauer alerta que, até agora, a estratégia brasileira está completamente equivocada, e Libra é apenas a cabeça de ponte, é o início de um processo de deterioração e de um papel subalterno que o Brasil está cumprindo nesse embate global entre os países que detêm reservas e recursos e aqueles que querem se apropriar deles pagando o mínimo possível. Como diz o engenheiro, petróleo não é pizza, não é boi, não é um negócio qualquer”, destacou o senador do Paraná.
Alvaro Dias, em seu discurso, criticou também o aparelhamento promovido pelo PT na Petrobras, com a substituição de quadros competentes e técnicos por indicações políticas e partidárias. Para ele, o loteamento comandado desde que o partido assumiu a Presidência da República com Lula, em 2003, fez com a maior empresa do País fosse vítima de desmandos, irregularidades e incompetência de gestão, o que motivou a apresentação de 19 representações da oposição contra a estatal na Procuradoria-Geral da República.
“A conseqüência de algumas de nossas representações à PGR, como a que apresentamos sobre a escandalosa compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, é o inquérito instaurado e que se encontra em curso. Nós esperamos que ele seja concluído e que ocorra a responsabilização civil e criminal e que os responsáveis por essa negociata muito mais do que suspeita possam ser punidos rigorosamente. Mas, infelizmente, nós sabemos que restituição aos cofres públicos é um sonho, uma ilusão. Por isso faço esse registro, trago esta manifestação de apreensão, de enorme preocupação em relação ao que poderá ocorrer no dia 21 de outubro, constituindo-se, repito, na maior privatização, na maior privataria da história brasileira”, concluiu o senador Alvaro Dias.
Da assessoria do senador