No dia 25 de julho é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana. A data foi criada após o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992, com o objetivo de unir e mobilizar as mulheres negras do continente a buscarem melhores condições de vida.
A celebração do dia tem importância dupla, pois mulheres negras estão em condição de desigualdade tanto pelo gênero como pela cor. E, conforme mostram os números, são poucos os motivos para comemorar.
Segundo dados do Ipea, mais de 60% das mulheres assassinadas no Brasil entre 2001 e 2011 eram negras. Na mídia, as negras também têm menos espaço. Pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) mostra que, apesar de ser a maior parte da população feminina do país (51,7%), as negras aparecem em menos de dois a cada dez longas metragens entre os anos de 2002 e 2012.
Já em relação ao gênero, no mercado de trabalho há ainda uma diferença considerável quando se compara com a situação dos indivíduos de sexo masculino. Enquanto 80,9% dos homens com mais de 15 anos estão trabalhando, apenas 59,5% das mulheres estão no mercado de trabalho.
Na política, a presença das mulheres é ínfima. Atualmente, apenas 12,3% das cadeiras no senado são ocupadas por mulheres, enquanto no Congresso Nacional 9,6%. Das 10 senadoras, nenhuma delas é negra.
De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014 divulgado ontem (24), na América Latina e no Caribe, a taxa de mortalidade materna corresponde a 74 mulheres a cada 100 mil nascidos vivos, e a taxa de fertilidade na adolescência é de 68,3 mulheres a cada mil mulheres entre 15 e 19 anos.
Em relação a proporção de adultos com ensino secundário, há equilíbrio entre os gêneros: 53,3% para mulheres e 53,9% para homens, e a participação no mercado de trabalho equivale a 53,7% para mulheres e a 79,8% para homens. A representação das mulheres na política está em 21,1% no continente, média maior que a brasileira.
O Presidente do Tucanafro Brasil, Juvenal Araújo, comenta que a data deve servir como um estímulo para toda a sociedade. “A mulher negra é quem mais sofre, é quem tem mais que batalhar para conseguir um bom emprego e ter equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Os resquícios da escravidão e do machismo ainda existem, e elas precisam de políticas específicas para que melhorem suas condições de vida. O Governo que está aí não teve essa preocupação e os números são um reflexo disso,” afirma.