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PSDB – Tucanafro
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“A igualdade racial começa nas escolas”, diz Elaine Ribeiro, Presidente do Tucanafro GO

26 de junho de 2014
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elaine ribeiroFalando também sobre os desafios e contando um pouco sobre sua experiência de vida, a Presidente do Tucanafro Goiás, Elaine Ribeiro, abre o jogo sobre o racismo no Brasil e sobre a forma que o problema deve ser enfrentado. Confira a entrevista!

1. Quais as metas do Tucanafro em Goiás?

Ainda temos muito a fazer. Apesar do Tucanafro já estar estabelecido, ainda precisamos nos aproximar mais do poder público. Precisamos focar na estrutura do Tucanafro, para ampliar o que já conseguimos. Desejamos investir nas comunidades, pois já temos comunidades que nos apoiam. Buscamos divulgar e fortalecer o trabalho das ONG’s que trabalham com jovens e utilizam a capoeira, a dança e a cultura afro.

Almejamos criar em Goiás uma data específica para o povo negro, para celebrar a nossa cultura e promover as atitudes afirmativas. Queremos que o racismo seja mais falado, além de fazer com que o negro tenha mais autoestima e consciência.

2. Qual a importância de o PSDB estar abrindo um espaço cada vez maior para os negros dentro de sua estrutura partidária?

Estamos unindo forças e trabalhando pela igualdade. O PSDB tem visto a força do negro e a necessidade de se aproximar de suas raízes, a origem africana. Acho que dentro do Governo FHC já tivemos um grande acolhimento, pois ele viu que a questão do preconceito precisava ser levada mais a sério. Hoje, vejo essa sensibilidade no Aécio Neves, que dá todo o suporte necessário para o trabalho do Tucanafro, e em Marconi Perillo, que também sempre exalta nosso segmento. A postura política em relação aos negros tem melhorado bastante, por isso queremos aumentar o número de negros no poder.

3. De que forma você entende que o racismo deve ser enfrentado pelos políticos?

O racismo está na mesma linha da pedofilia e assassinatos, porque quando você comete racismo com alguém você está matando ela por dentro. Não precisa bater, pois ao tratar alguém com frieza você inibe sonhos. Quando uma criança vê somente a Barbie branca ela não se sente representada. Já o menino acha que a única forma de fazer sucesso, sendo negro, é jogando bola. Por isso que estamos reforçando a consciência de todos lutando contra estes estereótipos. Precisamos mudar esta mentalidade que é muito comum.

4. Quais os principais problemas enfrentados ainda hoje pelo negro no país?

Eu li, há pouco tempo, uma reportagem numa revista que dizia quais as pessoas mais discriminadas. Se for pobre, é discriminado tanto por cento, se for negro, mais x por cento. Se for mulher, mais tanto por centro. Se for de tal religião, outro percentual. Então, no meu caso, entro pela cor, pelo gênero, condição social e religião. A ideia de discriminação é muito complexa. Mas se negro estiver com uma roupa de mais grife ele sofrerá menos preconceito. Já quando alguém vê um negro dirigindo um carro de luxo, pensam que ele é o motorista, não o dono. Enfim, o preconceito pode afetar na carreira, vida pessoal, conjugal, familiar, de todas as formas.

5. Como você pretende contribuir pela igualdade racial?

Acho que a igualdade social, no todo, se dá pelo respeito. A partir do momento que um respeita o outro pela cor eu tenho igualdade. Como fazer isso? Pelas escolas. Com materiais sobre a história afro, mostrar que o negro é mais do que parecem ser, pois só são vistos carregando cana de açúcar ou sendo babás nos livros.

É necessário mostrar que os negros, juntos com os outros povos, construíram o que temos hoje, umas das nações mais lindas do mundo. Temos uma cultura riquíssima. O brasileiro é muito rico culturalmente porque temos raízes diferentes, e respeitar e entender isso é igualdade racial. É olhar o outro é ver alguém em comum. Quando passarmos a vermos desta forma, teremos menos violência, pois olharemos o outro como um semelhante. Mais uma vez, digo que precisamos focar nas escolas, porque ninguém nasce racista. Isso acontece porque os pais brincam, fazem piadas, ensinam que o cabelo crespo é ruim, o que, na verdade, é um conceito errado.

 

6. Que tipo de preconceito que já sofreu mais te incomodou?

Eu já estava casada, já tinha uma filha, ainda bebê, e estava lendo os classificados de um jornal, procurando por emprego. Lendo as recomendações para uma vaga, vi o que precisavam. Pediam algumas coisas e eu tinha todos os requisitos, estava qualificada para aquele emprego, que era de recepcionista. Daí que minha cunhada disse: “você não vai conseguir, eles olham muito a aparência”. Eu, no momento, respondi negativamente, dizendo que me achava bonita. Ela retrucou falando que eles olhariam para o meu cabelo e minha pele e eu não poderia ser escolhida. Eu, na hora, fiquei sem reação. Aquilo doeu muito, muito mesmo. Fui para casa, ainda muito abalada, meu marido acabou obrigando-a a pedir desculpas. Mas é complicado, ela não fez por mal, pois foi criada para pensar assim. Só que isso machuca, mesmo tendo estrutura pra passar por aquilo, eu senti muito. Imagino o porque de outros se revoltarem tanto. É por essas e outras que trabalhamos tanto para maior conscientização das pessoas.

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