O relatório divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Social traz um diagnóstico desanimador sobre a realidade das comunidades tradicionais no Brasil. O estudo revela que nada menos do que 55,% dos adultos residentes em comunidades quilombolas convivem com a fome.
Ao todo, 45% dos domicílios das comunidades quilombolas pesquisadas possui menos de 70 reais de renda domiciliar per capita, isso já incluso os valores transferidos pelo Programa Bolsa Família. Na média, a renda mensal domiciliar per capita dos quilombolas é de 160 reais.
Para chegar a estes números, a pesquisa teve como objetivo avaliar o perfil nutricional de crianças menores de cinco anos de idade, bem como acesso aos serviços, benefícios e programas governamentais pelas famílias e o perfil socioeconômico das comunidades remanescentes de quilombos que vivem em territórios titulados.
Além do problema da fome, foram detectadas outras situações que provam que falta atenção do governo federal ao povo quilombola. A saúde é precária e somente em 28,6% das comunidades ocorreram ações de equipes de saúde da família.
Em relação à educação, segundo as lideranças entrevistadas ainda faltam escolas primárias em quase 20% das comunidades pesquisadas. A escolaridade dos habitantes dos quilombos é outro entrave ao desenvolvimento: mais de 50% das lideranças possuem o ensino fundamental incompleto, sendo que 40% não sabem ler e têm dificuldades de ler uma simples carta.
Para Juvenal Araújo, Presidente do Tucanafro Brasil, os quilombolas não podem mais viver nestas condições. “Sabemos que a maioria dos quilombolas são negros, e se o negro sofre muito no Brasil pela questão do racismo, o que dizer do negro quilombola? É uma situação triste, que não poderia ocorrer em um país rico como o nosso”.
Para Juvenal, é imprescindível que as comunidades quilombolas saiam do anonimato. “A cultura afro-brasileira é muito pouco valorizada, e os quilombolas são os que mais sofrem por isso. É necessário dar mais visibilidade a este povo para que todos os agentes públicos contribuam para o desenvolvimento das comunidades”, diz.