O novo seriado da Rede Globo criado, por Miguel Falabella, “Sexo e as nêga”, retrata a sexualização e diminuição imposta à mulher negra. Achei triste, pois retrata o reflexo da imagem do negro deformada e estereotipada, mostrando a mulher como objeto sexual.
Estou realmente cansada da mídia retratar e mostrar a mulher negra como a negra “fogosa”, a “moreninha da cor do pecado”, da mulata tipo “exportação”, entre outros. Chega de carregarmos o fardo da escravidão onde o corpo negro não tinha voz e vez, época em que éramos mutiladas e obrigadas a realizar os desejos do “senhor”.
Queremos respeito e dignidade, pois enquanto se fantasia e ridiculariza a afetividade de mulheres negras do subúrbio, continuamos morrendo nos hospitais, discriminadas na empresas, exterminadas pela polícia racista ou sofrendo com a ausência de direitos que deveriam ser garantidos por uma política pública justa.
Vamos continuar na luta e resistindo para acabar com toda e qualquer produção que contribua para a perpetuação de uma sociedade racista, denunciando e cobrando responsabilidade das emissoras, mesmo as privadas, pois possuem concessões públicas e, portanto, deveriam respeitar os negros no Brasil.
Está na hora do grito de democratização dos meios de comunicação, onde possamos não apenas nos enxergar com orgulho, mas onde possamos ver nossas demandas pautadas pela mídia, e com o devido respeito.
* Gabriela Cruz é candidata a deputada estadual no Rio Grande do Sul.
