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“Saltando mais longe”, por Juvenal Araújo

16 de agosto de 2016
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 Juvenal Araújo – Presidente Nacional do Tucanafro

Muitas realidades podem ser mudadas por meio do esporte, afirma o Presidente do Tucanafro Brasil. Reprodução.

Em 2008, quando o Rio de Janeiro foi selecionado como sede das Olimpíadas em 2016, nos enchemos de esperança. Afinal, iríamos sediar o maior evento esportivo do mundo e tínhamos um ambiente positivo no país, o que nos permitia ter esperança. Poderíamos neste período aprimorar nossa infraestrutura e também dar melhores condições para nossos atletas serem competitivos em várias das modalidades olímpicas.

No entanto, quando uma semente é plantada, ela deve ser regada e muito bem cuidada. Isso não foi feito pelo Governo do PT. Destruíram nossa economia e, com populismo e falcatruas, nos tiraram da rota de desenvolvimento que vínhamos seguindo desde o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso, fundamental para estabilização da nossa economia.

Muitas lideranças importantes já vinham alertando sobre erros cometidos por Dilma que nos levariam ao fracasso. Esconderam a real situação do país, e a situação só se agravou, até chegarmos a pior crise econômica em muitas décadas, o que fez muitos brasileiros perderem o ânimo com as olimpíadas.

Agora, que os ânimos começam a se acalmar com o processo de impeachment de Dilma, acompanhamos os jogos com aquele gosto: podia ser melhor. Não dá mais para ficar lamentando o que foi feito no passado, mas não podemos deixar de repensá-lo para não repetir os mesmos erros.

Como pode um país com as nossas dimensões, cultura e economia não acreditar no esporte? Se hoje estamos longe de sermos protagonistas nestas olimpíadas disputadas em solo brasileiro, devemos reforçar que investimos mal em esporte e não nos planejamos corretamente.

É difícil de acreditar, mas seis em cada dez unidades públicas de de educação básica do país não contam nem sequer com uma quadra esportiva, segundo dados divulgados pelo Censo Escolar 2015.

Percentualmente, 65,5% dos colégios não tem a mínima estrutura necessária para que o o aluno pratique algum esporte, o que torna quase impossível a prática de educação física, disciplina obrigatória no currículo básico. Não precisamos ser especialistas em educação para saber que este dado ilustra como a nossa educação é medíocre. No Rio, sede dos jogos, 48,% das escolas não têm quadra, enquanto no Maranhão e Acre esse índice chega a 90%.

Honestamente, não sonho com medalhas nestas olimpíadas, porque sei que estes que conseguem são verdadeiros heróis. Mas é necessário sonharmos com uma outra realidade para o nosso esporte, onde os jovens da periferia possam praticar diversas modalidades. Que por meio deles eles possam sonhar em conquistar o mundo. Em mudar a vida de seus familiares.

Quantos brasileiras, por faltar oportunidade, nem descobriram que seriam grandes ginastas? Quantos que nasceram com o dom para a natação, e sequer caíram em uma piscina com a orientação de um professor? Quantos poderiam ter tido uma outra vida, nem ter entrado no crime, se tivessem, enquanto adolescentes, atividades esportivas em sua comunidade?

Impossível contabilizar, mas sabemos que o esporte transforma vidas e muda realidades. É algo fantástico, que diverte, educa e emociona. Por meio dele, cultivamos a alegria, e também aprendemos a respeitar o outro. Conhecemos nosso limite e aprendemos a trabalhar para superá-lo. Se queremos dar um passo ao futuro, viver em um país melhor para todos, devemos abrir nossos olhos e investir de verdade e com planejamento em nosso esporte.

  • Juvenal Araújo, Presidente do Tucanafro Brasil.

 

 

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