No dia 18 de julho de 1918 nascia em Mvezo, na África do Sul, Nelson Rolihlahla Mandela. Com formação acadêmica em Direito, Mandela foi o principal representante da luta contra o Apartheid, regime que negava aos negros direitos políticios, sociais e econômicos no país sul-africano, vigente entre 1948 a 1994.
Por se opor ao sistema racista e lutar por igualdade racial, Nelson Mandela foi julgado por traição e recebeu pena de prisão perpétua que resultou na prisão entre 1962 e 1990. No decorrer dos 27 anos encarcerado, Mandiba, como era carinhosamente chamado em seu país, se tornou o símbolo da oposição ao Apartheid, a campanha “Libertem Nelson Mandela” se tornou bandeira de todas os movimentos anti-apartheid ao redor do mundo. No dia 11 de fevereiro de 1990, o líder sul-africano foi solto e, em um evento para mais de 60 mil pessoas e transmitido mundialmente disse que continuaria lutando pela igualdade racial. Em 1993, ganhou o Prêmio Nobel da Paz. No ano seguinte, foi eleito o primeiro presidente negro da África do Sul, conduzindo uma política de igualdade, justiça e democracia no país.
Para Juvenal Araújo, presidente do Tucanafro Brasil, o legado de Nelson Mandela vai muito além de sua luta contra o Apartheid. “Mandela era um herói, um farol de esperança cuja a força vai perdurar por muito tempo. Ele representa a vitória da justiça, da liberdade e da fé de uma mudança em um mundo que ainda vive profundas desigualdades sociais”, destaca o assessor especial da Secretaria da Igualdade Racial.
TRAJETÓRIA:
Rolihlahla Mandela, filho de um chefe tribal Thembu, nasce na aldeia de Mvezo, na África do Sul, em 18 de julho de 1918. Foi o primeiro membro da família a frequentar a escola e foi ali que recebeu o nome de Nelson, já que na época era costumeiro dar nomes em inglês para as crianças na escola.
Em 1939, Mandela começou o curso para se tornar bacharel em direito na Universidade de Fort Hare, a primeira universidade da África do Sul a ministrar cursos superiores para negros. Como jovem estudante de direito, o líder sul-africano se envolveu na oposição ao regime do Apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. Sendo assim, em 1942, Mandiba uniu-se ao Congresso Nacional Africano (CNA), principal partido negro do país.
Comprometido de início apenas com atos pacíficos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180. Em agosto de 1962, Nelson Mandela foi preso sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 1964, foi condenado a prisão perpétua por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela negou).
Mandela passou 27 anos preso. Os primeiros dezoito, em Robben Island. Em 1976, recusou uma revisão da pena em troca de retornar para sua região de origem. Em 1985, também rejeitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Ele finalmente foi libertado em 11 de fevereiro de 1990, quando sufocado pelas sanções internacionais, o regime do Apartheid iniciou um processo de abertura e soltou o principal rosto de sua oposição. Mas não havia tempo a perder. Três horas após ser libertado, Mandela já discursava para 60 mil pessoas, reforçando que continuaria lutando por igualdade racial.
Em 27 de abril de 1994, foi eleito presidente nas primeiras eleições multirraciais do país, colocando um ponto final no regime segregacionista que governara a África do Sul por 46 anos. “Nós enfim atingimos nossa emancipação política. Nunca, nunca e nunca mais de novo deixemos que essa linda terra experimente a opressão de uns sobre os outros. Que reine a liberdade!”, disse em seu discurso de posse.
Após o fim do mandato de presidente, em 1999, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos. Ele recebeu muitas distinções no exterior, incluindo a Ordem de St. John, da rainha Elizabeth 2ª.; a medalha presidencial da Liberdade, de George W. Bush; o Bharat Ratna (a distinção mais alta da Índia); e a Ordem do Canadá.
Nelson Mandela morreu em decorrência dos agravamentos da infecção pulmonar, em 05 de dezembro de 2013 e mesmo antes de sua morte, sua vida encorajou a produção de inúmeros documentários, livros, estudos, filmes e até músicas.