Uma idosa de 77 anos foi presa por racismo e injúria racial após ofender uma produtora cultural em um supermercado de Brasília. A produtora Elizabete Braga, 38, registrou um boletim de ocorrência na tarde desta terça-feira (28), relatando que foi xingada de “preta safada” e “preta sem educação”.
Elizabete relatou que, enquanto estava na fila do caixa do supermercado, a senhora se aproximou dela, perguntou se seu cabelo era natural ou peruca e, em seguida, o tocou. A produtora disse que pediu educadamente para que a senhora não tocasse em seu cabelo e, então, ela se exaltou e disse que não gostava de pessoas negras, além de ter cuspido em seus pés e ameaçar agredi-la, alegando que era faixa preta de caratê.
A produtora decidiu então ligar para a polícia e disse que não deixaria a agressora ir embora antes da chegada dos policiais. A idosa mostrou uma carteira de identificação do Ministério das Relações Exteriores e disse que nada aconteceria a ela. Como uma viatura não chegou ao local, Elizabete teve o consentimento da agressora para fotografar sua identificação pessoal e foi à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial (Decrin) registrar ocorrência.
O presidente do Tucanafro Brasil, Juvenal Araújo, espera que a agressora seja punida pelo crime e que o episódio sirva de alerta para quem tem atitudes racistas. “Não podemos mais aceitar ofensas racistas. A vítima agiu corretamente ao acionar a polícia e ir à delegacia responsável pelo crime. Espero que essa senhora seja punida pelo estado e que o caso sirva de lição para todos que acham que tem o direito de ofender as pessoas devido a cor da pele, sexo, religião. É preciso que casos de racismo seja punido imediatamente para que não aconteça mais episódios lamentáveis como esse”, destaca Juvenal.
Em uma publicação no Facebook, Elizabete relatou o ocorrido no estabelecimento. “Chamou-me de gentalha e perguntou ao segurança como deixavam mulheres como eu entrar no supermercado. Ah! Ainda cuspiu duas vezes em minha direção. Daquelas cusparadas que se dá quando se quer mostrar desprezo por alguém”, relata.
Entretanto, a história não termina aí. Mais uma vez, agora na delegacia, a aposentada teve atitudes racistas. Ao ser ouvida, ela tentou tocar o cabelo da delegada e, ao ser repreendida, disse em voz alta “Não vou tocar, porque não quero sujar minhas mãos”. Detalhe que a delegada também é negra.
Na delegacia, um vídeo registra o momento que a aposentada recebe a ordem de prisão. “Mas eu não cometi crime. Vem uma fulaninha me denunciar, eles vão lá, me pegam na minha casa e eu estou presa. Eu não sabia que isso era polícia brasileira” lamenta a agressora.