Nesta quarta-feira (11) duas notícias chamaram atenção envolvendo o combate ao racismo no Brasil. Uma é a matéria do Jornal Hoje, da TV Globo, que aborda a nova forma que negros estão reagindo ao preconceito que sofrem no dia a dia. Outra é a notícia de que um cliente do Banco do Brasil foi preso em flagrante por ofender uma atendente negra do banco.
Na matéria do jornal global, o caso principal é da punição dada ao ex-policial civil Welington Guimarães e a irmã dele Eliane Guimarães, que receberam a maior pena já aplicada por crime racial no Brasil. O ex-policial foi condenado a três anos e quatro meses e a irmã a quatro anos, ambos em regime aberto.
Eles tiraram a paz de moradores que ficavam atrás de uma oficina e uma testemunha ouviu as ofensas proferidas: “Ele falava que não gostava de preto”. A família entrou com queixa na delegacia e as denúncias motivaram o Ministério Público a entrar com uma ação na justiça. Segundo o processo, a irmã do ex-policial xingou e ameaçou o filho do dono da casa. “Vou matar esse macaco que você chama de filho”. “Esse negro que parece um chimpanzé”.
Além disso, Welington amedrontou os vizinhos com invasões e ameaças. A família que sofreu as ofensas teve que se mudar, por precaução.
Já no Banco do Brasil, a cena foi vista pelos clientes, no Rio de Janeiro, em que o senhor, irritado com a demora no atendimento (havia uma pessoa à sua frente, na fila dos prioritários) dirigiu-se à única caixa mulher – e negra – e gritando disse que ela “não deveria estar ali, e sim varrendo o chão da rua”.
No mesmo instante, a atendente se levantou e chamou a polícia. O cliente foi levado à delegacia e, com o depoimento de mais uma testemunha, foi preso em flagrante.
Para Juvenal Araújo, as punições são um avanço, mas a paciência para estes acontecimentos que continuam recorrentes não existe mais. “O mínimo que esperamos é que essas pessoas paguem pelos seus crimes porque o negro não aceita mais ser oprimido. Isto é coisa do passado, hoje nós assumimos nossa cor e não aceitamos mais ouvir essas ofensas. Espero que todo negro que sofrer ofensas tenha o mesmo comportamento desses que foram citados em ambos os casos”, diz.
Juvenal ainda explica que são necessárias campanhas de conscientização mais expressivas. “Se o tema racismo for sempre debatido e a igualdade racial sempre expressa na mídia – com negros estando bem representados nas propagandas, novelas e telejornais – iremos progredir. Nos últimos anos praticamente não vimos melhora, e os índices mostram uma desigualdade racial muito grande. A sociedade precisa se unir em torno deste propósito para que as próximas gerações tenham melhores condições de vida”, opina.