O PT está “derretendo”. Em poucos dias o partido verá o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Mas as baixas não param por aí. Recentemente, desembarcaram do partido dezenas de parlamentares e outros quadros políticos e, em breve, se desfiliarão tantos outros. No curto ou médio prazo, também amargará o afastamento de um dos seus governadores, Fernando Pimentel (PT-MG), e, provavelmente, a prisão do ex-presidente Lula. A legenda pode estar em agonia terminal.
Em delírio, cria suas próprias narrativas e inimigos imaginários, atribuindo a eles a culpa do seu martírio. Incapaz de fazer mea-culpa pelos erros de engenharia política e da imoral arquitetura que criou para se perpetuar no poder, coloca-se como vítima de uma perseguição conspiratória digna de um folhetim de quinta categoria.
Agora, o Partido dos Trabalhadores se vê às voltas com o seu passado político, histérico e inconsequente. Em sua defesa, distorce aqui e ali uma Constituição que sequer assinou.
Tentou transformar em “inimigo público” o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem o PT herdou um dos carros chefes da sua popularidade, o Programa Bolsa Família.
Chama de golpe o impeachment, mecanismo constitucional importante e fundamental às democracias republicanas. Antes de chegar à Presidência da República, entretanto, o PT protocolou não menos que 50 pedidos de impeachment contra todos os outros presidentes que os antecederam.
A comunidade negra também experimentou o dissabor das contradições do petismo. A mais cínica delas foi ver Dilma, em campanha, acusar em seus adversários a intenção de acabar com ministérios, entre eles, o da igualdade racial. Reeleita, Dilma retirou o status ministerial da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), e investiu mais no cafezinho das antessalas ministeriais que nas políticas de promoção da igualdade racial e combate ao racismo.
Cortejaram o Maluf (de quem também foram ferrenhos opositores) o Collor (de quem se orgulhavam de terem sido também carrascos), e o pedido de impeachment foi elaborado e assinado por um dos fundadores da legenda, o jurista Hélio Bicudo.
Até aqui, esquizofrênicas e contradições marcaram a trajetória do PT. Vamos aguardar que tipo de justiça a história fará ao Partido dos Trabalhadores: se de reconhecimento do seu valor histórico, ou de revelação da sua farsa política.
Juvenal Araújo Júnior
Presidente nacional do Secretariado da Militância Negra do PSDB – Tucanafro
