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Por meio da novela “Velho Chico”, Globo retrata país racista

4 de julho de 2016
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velhochicosophiemiguelA novela “Velho Chico”, que retrata o coronelismo no Nordeste, colocou em primeiro plano um assunto que estava sendo tratado, até então, apenas de forma implícita: o racismo. Os últimos capítulos de “Velho Chico” foram dedicados a discutir o assunto de uma forma sensível e inteligente.

A chegada de Sophie (Yara Charry), a namorada francesa de Miguel (Gabriel Leone), revelou mais um aspecto negativo do Coronel Afrânio de Sá Ribeiro (Antônio Fagundes). Neste caso, o preconceito racial. De uma linhagem de coronéis nordestinos, Afrânio reproduz em sua fazenda um arranjo arcaico, no qual é reservado aos negros apenas o espaço da roça e da cozinha. Por isso, seu queixo caiu ao ver que a namorada do neto é uma negra.

Assim que Sophie senta à mesa do jantar, Afrânio não consegue controlar o racismo. Em voz alta, na frente de toda família e dos empregados (também negros), diz “Mas é uma negrinha! Precisava atravessar o Atlântico pra isso? Com o tanto que temos aqui”. A jovem fica assustada, porém não altera a voz e comenta em voz baixa com o namorado sobre o episódio. Após refeição, Afrânio conversa a sós com o pai de Miguel e é ainda mais explícitos nos comentários racistas. “Nessa casa, não passa da cozinha”, diz o Coronel sobre Sophie. “Miguel não entende que somos a elite deste país. Eu não sou preconceituoso, mas esse país é racista”, diz Afrânio.

Para o presidente do Tucanafro Brasil, Juvenal Araújo, a novela esta retratando a realidade do Brasil. “Casos de pais não aceitarem o relacionamento do filho por namorar uma negra ou patrões acharem que o lugar de negro é na cozinha, acontecem diariamente no país. Não é apenas ficção! A Rede Globo está tratando um caso tão delicado de uma forma inteligente e sútil, sendo assim, contribuindo para a nossa luta de combater o racismo e conscientizar a população do preconceito”, enfatiza.

Embora tenha aparecido na trama somente agora, a personagem é uma ideia antiga do diretor Luiz Fernando Carvalho. Essa foi uma exigência pessoal do profissional, que realizou vários testes com diversas atrizes até achar a ideal para o papel.

Juvenal Araújo observa que, além de inserir o racismo na dramaturgia brasileira, também é fundamental dar espaço para os negros na TV. “Pela televisão brasileira, não é possível imaginar que sua população é majoritariamente negra. A maioria dos trabalhos ficam restritos a papeis de escravos ou secretárias do lar. É essencial que por meio de novelas e filmes possa ser relatado histórias vitoriosas de grandes negros do país, como de Luislinda Valois”, conclui o presidente do Tucanafro.

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