O Presidente do Tucanafro Sergipe, Daniel Max, em entrevista ao site do Tucanafro, fala sobre os objetivos do secretariado em seu estado e sobre as perspectivas da situação do negro no Brasil. Confira!
– Quais as metas do trabalho Tucanafro em Sergipe?
A nossa meta é buscar o crescimento da representação de nosso secretariado, motivando toda a população afrodescendente sergipana a participar mais da política, tanto como candidatos, como cidadãos, de forma a buscar melhores condições de vida para si mesmos. Atuamos para que as particularidades da situação do negro em nosso Estado seja mais discutida, para buscarmos juntos soluções para os nossos problemas.
Atualmente, temos 22 comunidades quilombolas em Sergipe que são reconhecidas, e temos outras a serem tituladas, e visamos estabelecer um melhor relacionamento com esta população.
Começamos o trabalho do Tucanafro em outubro de 2013 e, desde então, buscamos expandir a nossa representatividade para poder desenvolver ações de combate ao racismo e conscientização política. É necessário que tenhamos maior presença de candidatos afrodescendentes, pois a presença dos negros neste meio é, ainda, muito pequena.
Além disso, temos uma história com o povo indígena. Uma aproximação se faz necessária para buscarmos melhor qualidade de vida também para este povo.
– Como você avalia o espaço cada vez maior concedido aos negros dentro do PSDB?
Uma atitude louvável, o PSDB quer corrigir um erro histórico – cometido por todos do meio político – de deixar os negros excluídos do processo político e de todo o contexto social. Sabemos da imensa diferença entre brancos e negros, mas muitos ainda pensam que somos “complexados” e nos “achamos inferiores”, quando, na verdade, não é nada disso.
Na política, quando se fala em políticas de inclusão, em inserir o negro neste meio, já percebi o incômodo de certas pessoas, pois pensam que ao levantarmos uma bandeira como esta queremos tirar benefícios. Na verdade, queremos igualdade. Com o Tucanafro, o PSDB está quebrando barreiras e tenho certeza que não há outro partido no Brasil que demonstre tanta preocupação com a causa. Que sirva de exemplo!
Como políticas e ações para a população negra, quais deveriam ser as prioridades de Aécio Neves caso seja eleito Presidente da República?
Primeiro passo seria buscar uma política de cotas mais eficiente, que possa contemplar realmente o nosso povo. Precisamos de mais espaço em todas as áreas. Sabemos que o Governo de Aécio em MG foi exemplar em todos os aspectos, e é necessário que ele leve essas boas práticas ao Planalto.
Mas, como prioridade, eu entendo que seja mesmo a necessidade de maior visibilidade aos negros. As crianças das periferias, por exemplo, devem entender, desde cedo, que são iguais, não têm por que se sentirem inferiores. Sabemos que a criminalidade afeta mais os negros porque são eles quem estão na área de maior vulnerabilidade. Então é necessária uma política mais efetiva para essas pessoas, levando acesso, educação de qualidade e oportunidades.
Eu, que já fui conselheiro tutelar por seis anos, e hoje faço parte do Fórum Estadual da Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente e do Fórum de Conselheiros Tutelares de Sergipe, pude entender o quanto as crianças são vítimas de má formação nas escolas e nas próprias casas. Daí, quando se tornam adolescentes, tornam-se infratores. Por outro lado, se investirmos na educação de qualidade e na família, formaremos um cidadão de verdade. É esse o caminho.
Quais os principais problemas enfrentados ainda hoje pelo negro no país?
Sem dúvida, a discriminação racial. A discriminação faz com que o sujeito tenha menos autoestima, oportunidades e seja até mesmo maior vítima de violência. É sempre válido lembrar o exemplo da senhora que foi arrastada pela polícia em uma periferia carioca. A pergunta que fica: aconteceria o mesmo com uma pessoa branca? Se ela fosse alguém com sobrenome e posses materiais? Enfim, dificilmente, então é preconceito. É contra isso que devemos lutar.