A Presidente do Tucanafro Alagoas, Jandha Carvalho, abriu o jogo sobre as perspectivas que tem sobre o trabalho do secretariado no Estado e da situação do negro no País. Confira!
Quais as metas do Tucanafro em Alagoas?
Como aqui em Alagoas é ainda algo muito recente, já temos metas como a implantação dos diretórios municiais do Tucanafro para ampliar nossa atuação. Já estamos viabilizando isto com o presidente estadual, Pedro Vilela, para termos condições de logística para viajarmos até os municípios. Além disso, visamos uma capacitação política para os presidentes dos diretórios para que eles venham se integrar mais à nossa proposta, entendendo melhor a questão política e social do negro dentro do estado de Alagoas. Por aqui, o Tucanafro foi criado em abril de 2013, então é uma luta que vem florescendo, é um grito de liberdade do negro, uma inovação.
Qual a importância do PSDB estar abrindo espaço cada vez maior para os negros?
Isso se chama liberdade de expressão. O negro no Brasil é de suma e vital importância, porque o negro construiu este Brasil atual. Contribuímos muito para o que há no País hoje. O problema aqui ainda é a questão do preconceito. Existem muitos paradigmas que precisam ser quebrados, e há a falta de reconhecimento. Para mim, não existe raça, todos são humanos. Atualmente, o partido dá essa abertura por ter a consciência de que precisamos atrair os negros para terem presença mais ativa no contexto político.
Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro político brasileiro a evidenciar o problema do racismo no Brasil. Para você, qual o principal legado do governo FHC para a comunidade negra?
Em 1995, o governo FHC reconheceu a questão do racismo e da desigualdade racial. Havia aquele paradigma: se você chegasse em uma faculdade você contaria a dedo os estudantes e professores negros. Hoje, o número é pequeno em relação aos brancos, mas aumentou bastante. O Presidente do STF é uma referência da situação do negro no cenário nacional. Temos também o exemplo da Luislinda, a primeira juíza negra como outro grande exemplo. FHC implantou políticas específicas de ações afirmativas para a população afrodescendente, sendo ações governamentais de caráter afirmativo. Isso gerou muita polêmica, e foi a partir disso que iniciaram-se as discussões sobre cotas raciais e tudo mais. Até porque, ali foi inserida a promoção da igualdade racial. Foi-se abrindo os olhos para isso.
Sendo eleito Presidente do Brasil, o que Aécio pode levantar para os negros como bandeira?
Existem várias situações, mas algo que ainda chama a nossa atenção é a questão religiosa. Que ele abra as portas para a quebra de paradigmas nesta questão da religião, para que uma política seja efetivada para valorização das religiões de matrizes africanas. Ainda há muito preconceito em relação às práticas religiosas da cultura afrodescendente. O que é macumba? Macumba não é feitiço, na nossa língua se chama catingo, ou, pra ser mais prática, praga, maldição ou inveja. Então, acontece que há imensa falta de conhecimento, e muitos julgar de maneira errada. Gostaríamos que houvesse uma maior difusão do que se trata. Precisamos estar mais inseridos em todas as discussões, porque, se olharmos bem, o nosso povo é tímido, devido à repressão que sempre sofremos. Isso precisa mudar, o negro precisa ser mais incluso em todas as áreas.
Outra questão é a Lei 10.639, que é o ensino de cultura e história afro-brasileira nas escolas. Existe um preconceito muito grande, pois muitos professores têm religiões diferentes e acabam não se interessando em lecionar o conteúdo. Se essa lei venha se tornar naturalizada, ou seja, tornar-se comum, será um grande objetivo atingido.